segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

A LUZ DA MINHA VIDA




Estando eu morto, sem rumo, sem destino, no escuro, voce chegou.
Voce chegou num dia de chuva fria, sem sol, com vento cortante.  Eu tinha decido andar, so andar, andar so. Sabia que ia enfrentar o frio da manhã gélida de dezembro. Eu queria pensar, pensar que tinha terminado um sonho, eu tinha conseguido em doze dias escrever um livro.  Eu estava triste, por que o final do meu livro tambem foi triste, por que foi real. Eu não fantasiei, eu realisticamente realizei. 
Hoje é o ultimo dia do ano, e la fora, fogos initerruptamente são ouvidos. Eu estou meio embriagado e voce sorrir de mim. Diz para eu parar de criancice, eu não sei se esta escrito corretamente! Até de óculos eu não estou vendo bem.
Voce, chegou, desceu do carro e o motorista lhe acompanhou comigo ate a outra esquina, quando ele se despediu e disse que iria voltar pois nao podia se demomar. Havia outros afazeres a serem executados. E voce segurou no meu braço e disse que tinha vindo para ficar. Eu apenas sorri, pois não acreditava que fosse verdade.
E voce andou comigo, acompanhou meu passo, até o fim. E depois foi embora, feliz, me deixando cheio de duvidas.
No dia seguinte voce voltou e disse que agora estaria do meu lado. Não me deixaria mais!
Eu desisti de registir a voce. Eu simplesmente me entreguei. Eu simplemente assumi que nosso amor ja vem de longos tempos e ja nos conhecemos sem necessidade de apresentações.
Hoje, voce esta comigo, ontem, antes, e na semana anterior... e minha vida esta alegre, cheia de luz. Sou luz iluminou meu mundo e me deu novas esperanças de vida, de felicidade.
Minha amada, eu tinha certeza que um dia a gente se encontraria, contudo não sabia quando.
Estou lhe dizendo que te amo. Eu te amo. Voce transformou minha vida isolida em algo bom, algo que vale a pena viver, mesmo na imaterialidade da certeza.
Minha amada, voce me devolveu a alegria e o sorriso. 
Meu amor, voce me descobriu um menino. Voce me descobriu um novo homem.
Minha amada, voce conseguiu ver o invisivel, voce conseguiu ver o meu coração, a minha alma. 
Minha querida, es hoje mais do que uma amiga fiel, es minha companheira e estas aqui gentilmente balançando a cabeça reprovando esse cara meio embriagado que esta lhe escrevendo uma declaração de amor.
Que nesse novo ano, do calendario cristão, possamos realizar muitos sonhos juntos,  sorrir, brincar, fazer novamente a janta juntos, e no final, novamente assistir da janela a queima de fogos ao som das valsas de Strauss. Viena esta na nossa vida. Viena esta no nosso futuro.
Não estou mais sozinho. Não tenho mais vontade de perambular pelas ruas tristes desta cidade. Eu tenho um motivo para estar em casa. Eu tenho um motivo para andar as margens do danubio. Eu tenho um motivo para viver e um motivo por quem morrer.
Deixei de ser triste. A luz da minha vida extinguiu toda escuridão e tristeza.
Eu te amo. Eu te amarei. Eu te amei. Es minha alma gemea. Es minha companheira. Es minha amiga. Es meu amor.
31.dezember.2012, as 21h48mim, em Viena, Austria.




quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

O Jardim






Meu amor,

quero marcar um encontro neste jardim. Eu nao sei onde ele fica, mas que seja em qualquer lugar encantado.
Sentaremos no banco de onde foi tirada a foto e ficaremos quietos, um tempo, ouvindo o murmurio da cachoeira. Sentindo o cheiro do verde e do vento. Admirando o ceu e as flores!
Depois comecaremos a conversar e durante este papo sem grandes pretencoes vamos descobrir o que podemos fazer juntos tao bem e tao perfeito quanto nosso amor.
Tracaremos planos, projetos; sonharemos de olhos abertos e veremos na tela das nuvens nossas realizacoes se materializando no futuro.
Sorriremos da criancice e continuaremos sonhando.
E o tempo vai nos mostrar que um dia estaremos novamente sentados neste mesmo banco, neste mesmo jardim, ja um pouco modificados, nos tres... eu, voce e o jardim vivemos e o tempo mostra nas nossas rugas, nos musgos toda sua passagem. Entao vamos olhar as nuvens e veremos nossos sonhos realizados.
Vira a calma, a paz e estaremos de maos dadas, assim como estivemos durante todas as tempestades passadas.
Vira a vontade de sonhar novamente. E sonharemos. 
E realizaremos nossos sonhos.
Tudo junto.
Nossa forca é nossa alianca baseada no amor, carinho e compreensao.
A materia voltara a materia e nos dois continuaremos de maos dadas sonhando e construindo nosso futuro.
Quero marcar um encontro com voce, neste jardim.
Voce e eu somos um so.
Agora so falta o jardim!

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Malteck





A Solidão é a minha companheira.
O Silencio, o meu grito.
A caminhada, o meu destino!
A Rejeição, o meu sorriso. 
Meu desejo: seja Feliz!
Não te importunarei mais.

Sou o que eu sou.
Sou eu mesmo.

Faço das palavras meus planos;
Faço dos meus escritos, minha historia;
Faço das minhas ações, a minha herança.
Só minha. 

Sou assim.
Sou feliz!

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

UMA CEARENSE E A NEVE


 

 
 
 
Há tres dias tem nevado em Viena. Uma mistura de neve, granizo e chuva, devido ao calor da cidade.

Entretanto, hoje, justo numa segunda feira, a neve cai com mais intensidade, logo cedo no caminho da escola.

Vou enfrentanto aqueles flocos flutuantes ate o ponto do bonde e depois ate a escola!

Uau!

Quando neva nao é tao frio. O frio vem depois, quando o sapato fica molhado por cima e a gente comeca a sentir que o pé esta dentro de um congelador, pois as botas normalmente mantem a temperatura do pé, seja ela qual for.

Ver a neve, sentir a neve, sempre foi um sonho, muitas vezes dispensado, deixado de ser pensado, para uma cearense; entretanto agora eu estou aqui, sentindo e vivendo o cotidiano do inverno vienense.

A neve é linda! Principalmente nas fotos e nos cartoes postais. Conviver com a neve é que é dificil!

Acordar seis da manha e olhar pela janela e perceber que ainda é noite escura. Ver o chao branquinho e saber que la fora tá um frio daqueles, da vontade de voltar para debaixo da coberta e nao sair até o sol dar o ar da sua graca.

A responsabilidade nos chama e la vamos nos! Meias quentes, botas de inverno, gorro, cachecol, casaco, luvas e no final ainda jogamos por cima toda a bagagem da bolsa, pois o dia será normal, com direito a compras, escola, trabalho, correria… quer dizer, patinacao pelas calcadas, umas com sal e outras com pedrinhas.

Sinceramente nao sei qual a pior. O sal acaba os sapatos e as pedrinhas ficam entravadas nos sulcos das solas… brrrrrrrr, aquela sensacao de arrepio interno! Esfrego o pe na intensao de tirar uma e entra dez! Vale um palavrao bem alto para relaxar!

Outra vantagem! Os passantes podem ate imaginar que se trata de um chingamento, mas nao vao entender… adoro!

A neve, quando cai no rosto, arde, ate ficarmos com as bochechas e o nariz gelado! Entao o nariz comeca a escorrer e haja lencinho de papel! E a falta de tato? É um tal de bota e tira luva que nao aguento. Todo inverno rasgo no minimo uma. Quando nao jogo fora por nao cumprir a contento seu papel: esquentar minhas maos!

As criancas parecem uns pinguins ou um pacote bem feito! Isso dá um trabalho! E quando temos aqueles pirralhos teimosos, o meu por exemplo, que nao gosta de gorro, cachecou e luva?! Enlouqueco pensando no resfriado!

Mesmo diante de tudo isso, adoro a neve!

Sabe aquele amor, aquela imensa paixao que me deixa exitada, feliz, so em saber: está nevando! Corro para a janela e fico ali, hipinotisada pelo baile dos flocos. Eles nao caem igual às gotas d’agua, eles flutuam até tocar o solo. Parecem dancar valsa. A suavidade com que pousam em nos é verdadeiramente impressionante. Eles nao querem nos incomodar.

E vao deixando tudo branquinho.

E nao se incomodam em derreterem imediatamente quando tocam o asfalto, aquecido pelos veículos. Os que caem nas calcadas sao pisoteados pelos passos rapidos e costumeiro dos vienenses.

Os telhados vao ficando brancos.

Os bancos vao ficando brancos.

Os jardins, ja preparados, e o gramado… tudo vai ficando imaculadamente branco. Um branco que nao agride aos olhos quando o sol aparece.

Para uma cearense, acostumada com sol, calor e sal, so me restou o sal!

Nao tem problema.

Fico no ponto do bonde olhando para o ceu de boca aberta, tentando que os flocos caiam na minha boca! Pareco uma maluca….

E as pessoas que testemunham isso nao entendem que, para o inverno, sou uma crianca de quatro anos, curiosa de novas esperiencias, feliz por brincar com aquele gelado, motivo de alegria, pois somos muito gratos pela água!

A neve é uma festa para as criancas mas poucos adultos se lembram de brincar. Estao muito ocupados e, afinal, ja sao adultos, preocupados, estressados, responsaveis, apressados, trabalhadores. Os velhos ja viram tudo, estao cansados, nada mais lhes admira!

Quem disse que ser adulto é sinonimo de ser chato? Quem disse que velhice é sinonimo de falta de admiracao pelo mundo!

Entao continuo com meus cinco anos de idade mental no inverno. Continuo preferindo pisar nas montanhas de neve, mesmo correndo o risco de encontrar um bombinha de cachorro, do que correr pelas calcadas salgadas ou empedradas.

Adoro fazer bolinhas de neve e jogar neles, que ficam logo aborrecidos. Entao nao sei quem é mais „adulto“!

Se tivermos bastante neve vou fazer estrelinha neste inverno! Devidamente acompanhada de um „adulto“ para ajudar a me levantar depois. Risos. É o que  mais tenho para oferecer no inverno.

Mantenho meus cinco anos de idade, sob os protestos dos meus filhos, inclusive o mais novo, que nao entende minha alegria de viver assim, com a inocencia e a curiosidade, apaixonada pelo desconhecido, mesmo que este desconhecido esteja sempre presente.

Hoje é um dia todinho novo. Entao é desconhecido. E me trouxe neve, muita neve.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

MAFIA


Tenho tido muito tempo para refletir. Pensar demais tambem faz mal, principalmente quando se entra num ciclo vicioso. Entao decidi ler. Leio tudo que me cai às mäos.

Hoje foi o dia de ler um artigo pequenino, do meio do jornal, sobre os pedintes.

Isso mesmo! A turma da esmola!

Nao que eu parec'a cruel, mas aqui nao é um país que o povo tenha costume de dar esmolas nas ruas. A cultura daqui tende a fazer doac'öes para organizac'öes que trabalhem em prol do combate à pobreza, ajuda a doentes, deficientes, velhinhos, miséria em outros países, etc. A doac'äo privada, para uma única pessoa que esta ali, de mäo estendida, é incomum e vista sem piedade.

Nos correios, nos bancos, encontramos boletos já preenchidos como incentivo às doac'öes. E nos intervalos da tv para propaganda, nunca vi "compre isso, compre aquilo", mas já vi muitas de incentivo à doac'öes para diversas causas.

Voltando à turma da esmola.

O artigo falava que moradores de um predio estavam reclamando do entra-e-sai de muitas pessoas, muitas roupas estendidas, estranhando o excesso diante da quantidade de moradores fixos. A policia ja havia ido por la, e os desconhecidos haviam „desaparecido“ por um tempo e agora „reapareceram“!

Aqui é chamada MAFIA DOS PEDINTES!

Nao quero falar dos pedintes, pois a pobreza existe em todos os lugares. Aqui tambem existem pobres, considerados pelo sistema como quem ganha abaixo de oitenta por cento do salario minimo, que atualmente chega a mil cento e sessenta euros.

Eu sou pobre. Eu ganho muito menos do que isso.

Quero falar sobre a palavra, termo, significado: máfia.

Comec'o pelo espírito de conquista, busca da riquesa, luta pelo poder, tudo isso bem executado durante a idade antiga até que os reinos, imperios, nascidos, crescidos, caidos, e existentes que desenvolveram suas guerras: busca da riqueza e do poder. Principalmente do poder, aquele que conquista e escraviza!

Todo poder escraviza os dois lados, quem está no poder e quem é oprimido pelo poder.

Depois veio a usura! Combatida pela igreja catolica na idade media quando estava no poder na europa, conquistando os reinos em nome do salvador!

Em nome da liberdade, chegamos a revolucao francesa e a restauracao da democracia, com sua modernizacao e adesao da riquesa aos … bancos!

Usura?! Lembram da idade média, quando se emprestava dinheiro a juros?

Quem estava no poder viu que seria mais uma forma de adquirir e reter a riqueza, pois a riqueza é necessaria para se manter no poder e combater aqueles que tambem a buscam.

O motivo é sempre o mesmo: PODER

Sugiu o termo cartel!

Cartel, ricos que se juntam para aumentarem a riqueza e terem forca para combater os outros ricos, pela sua parcela de Poder.

Contudo o cartel envolve aqueles que fazem parte do sistema, do governo, os que ja escravizam o grosso da populacao, chamado indistintamente de POVO!

Para aqueles que fazem parte do povo, que tambem se juntam, inicialmente por lacos familiares, modelo europeu, entretanto se rebelam contra o sistema de conquista da riqueza direcionado apenas para aqueles que estao no poder de governo, de mando, e que nada retornampara o povo, e no qual nao podem se incerir, na grande maioria das vezes exatamente por sua origem familiar, foi criado um sistema paralelo chamado de Mafia! Altamente combatido pelo sistema institucionalizado denominado Governo.

Pulando para nosso século, eu chamaria de marfia, cartel, usura… tudo que na verdade é a mesma coisa:_ grupo ou grupos de humanos mantendo outros humanos, em maior numero, sob suas regras de serventia! Säo poucos que mantem o controle de muitos. A maioria trabalhadora e geradora daquela riqueza... para poucos usufluirem!

O que é o governo?

O que é a empresa?

E o que é Multinacional?
O que é o sistema bancario?

Outro dia li que toda riqueza do Planeta, pasmem, do planeta!- se encontra sob o comando de um grupo de empresas, no numero de 37 super empresas que se entrelacam se apoiam apesar de parecerem diferentes!

Imaginaram o poder que tem o grupo de humanos que controlam estas empresas?

Cheguei a grande Mafia! Ao controle central, onde governantes se ajoelham e rezam sob suas orientacoes. Onde se determinam o destino de nacoes, milhoes de pessoas… e contra o qual nos pobres mortais trabalhadores, somos apenas um numero, positivo, se pagamos impostos e colaboramos com nossa forca de trabalho para alimentar o sistema, ou negativo, se nao trabalhamos e de alguma forma devemos ser mantidos vivos.
Quando conveniente, se formentam as guerras, onde numeros negativos e infelizmente positivos sao destruidos, mas os valores financeiros tornam os fabricantes de armas satisfeitos e a riqueza continuará fluindo para o mesmo buraco negro.

Cheguei ao DEUS DOS HOMENS!???

"Todos os rios correm para o mar".
Quando desaguam num lago, temos a marfia combatida pelo sistema!

Nao complique!

Foi o diabo que criou a complicac'äo.

E nem venha me dizer que um é legal e o outro nao. A diferenca só esta no sistema e nos metodos utilizados... mas vou deixar os metodos para outro dia.

Deus é simples!


Copiou?


Viena, 2012

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

FLOCOS DE NEVE






Uma segunda-feira normal. Acordo no mesmo horario e vou deixar o filhote na escola. Na volta, sentada à janela, percebo algumas particulas brancas flutuando ao vento.
Percebo que está comecando a nevar. O vento vai ficando mais forte e os flocos vao caindo descompassadamente, em todas as direcoes.
Uma chuva de pequenos flocos inicia-se.
O trafego continua intenso naquele horario da manha.
Lembro de como minha cidade se torna um caos quando comeca a chover. Imaginei a neve caindo em Fortaleza, com aqueles buracos, aquelas ruas de calcamento e muitas sem pavimentacao. Seria o caos do caos.
A vida aqui nao é tao facil quanto se imagina. Aqueles cartoes postais, onde a paisagem é toda branquinha, neve aos metros, arvores com galhos brancos e estradas limpinhas... isso dá um trabalho! Tirar toda neve das estradas é um trabalho para um trator especial. Nas cidades, carros com uma pa facilita o transito nas ruas, quando o inverno se torna mais intenso. Nas residencias sao os proprietarios responsaveis para limpar as calcadas. Sem contar naquelas pedrinhas que se joga nas calcadas pra nao escorregar e o sal... ahhh o bendito sal que ja me fez perder algumas botas e tenis! E em cada entrada de apartamento aquela calamidade de tapete sujo, botas molhadas - pois a neve derrete e deixa aquele rastro de sujeira - casacos, cachecois, tocas... de todos da familia e das visitas!
Nao temos, aqui em Viena, as enchentes que temos em Fortaleza, contudo, andar pelas ruas com neve, que branca só quando cai, transformando-se imediatamente em marron e virando uma lama gelada e escorregadia. Nao é tao lindo como no cartao postal.
E para atravessar as ruas... o cuidado de nao escorregar, mesmo com botas nativas e feitas para evitar as quedas, que sao perigosas, da a sensacao que voce está andando sobre aquele barro liso e grudento.
Lembro como fiquei feliz no primeiro dia que vi a neve cair... e depois fui brincar de guerra de bolinhas de neve, como via nos filmes... mas esqueceram de me contar que a neve queima, racha a pele, e depois quando voce entra com a mao gelada para o ambiente quente, dói; aquela dor nos ossos, pois a gente nao tem ainda o tato, por estar com os dedos congelados.
E o joelho? Como doi tambem... pois é o mais desprotegido, mais exposto, pois por mais agasalho que se coloque, os joelhos precisam ficar mais livres para o movimento de andas, saltar aquelas faixas de gelo que se forma entre a calcada e a rua, subir e descer escadas - e como tem escadas nesta cidade! - no metro, nos edificios, nas reparticoes publicas... até eu encontrar os elevadores fiz pilates obrigatoriamente.
Agora ja mais acostumada e com o olhar familiarizado com os esconderijos dos elevadores, normalmente usados pelas maes com carrinhos de bebe e senhores idosos, parei mais de subir e descer dois ou tres andares em cada predio.
Lembrando agora, o elevador do meu predio estava parado hoje pela manha! Foram cinco andares de escada, que ao chegar no solo estava tonta de descer rodando... sabe aquelas escadas redondas, lindas, dos filmes da época de ouro de Hollywood! É descer numa escadaria redonda, nao é para aqueles que sofrem de labirintite.
Os flocos foram ficando maiores e por alguns minutos tudo ficou branquinho, com aquela camada fina sobre os carros, telhados, cercas e arvores. Nas calcadas os caminhos foram logo definidos pelos pes apressados.
Durou pouco tempo. Ficou so vento frio, gelando a ponta do nariz, as oralhas e os dedos. Esqueci... o joelho, abaixo do manto... precisando se movimentar de qualquer jeito, com frio ou nao... ando mais rapido para que ele nao sofra tanto. Esqueta um pouco com o movimento.
Ainda bem que os transportes chegam entre tres e cinco minutos, quando nao se está cronometrado com o sistema e é descer de um e subir em outro. Zag, zag!
No inverno este sistema torna nossa vida mais aquecida e nos bondes os vagoes antigos sao os mais procurados pois sem um sistema de aquecimento grotesco e eficiente! Alguns nao gostam de se sentar em cima do aquecedor, hehehehe, ficar com o popo quentinho, quentinho... mas outros adoram.
Meus flocos de neve se foram. Meu sonho de ver tudo branquinho foi adiado para quando a natureza nos fizer presente novamente. Espero que na noite de natal.
O tenue sol de final de outono nos dá o ar de sua graca e aquela camada vai derretendo, escorrendo, sumindo...

Cheguei!
Vou trabalhar!

sábado, 1 de dezembro de 2012

FOLHAS AO VENTO






O verao teima por nao deixar espaco para o outono. Ja estamos em outubro e o calor é de matar.
Gosto do frio.
Hoje estou em casa, com meu pequeno que ja chegou da creche e agora assiste televisao enquanto preparo nosso almoco. Um dia normal, de pessoas normais, numa semana normal, numa vida normal.
Depois do almoco, aproveitei para fumar no meu lugar preferido: a janela.
O vento frio chegou do noroeste provocou um baile de folhas secas que subem e pulam sobre o predio onde moro. Fico ali, facinada pelo espetaculo.
Fixo minha observacao em uma unica folha: ela sube, desce, roda, vem em direcao a minha janela, volta para a direita, cai; flutua novamente e parece valsar ao som de alguma obra de Strauss. Pena que nao ha a possibilidade de colocar uma musica de fundo neste bale da folha, somente o som das proprias folhas sendo levadas, reviradas, embaralhadas pelo vento.
A minha escolhida vem novamente em minha direcao. Estendo a mao infantilmente para toca-la, na intencao de te-la comigo, porem ela se vai, subindo, subindo, e para me satisfazer e em sinal de despedida, faz mais uma volta em torno de si mesma e se erge acima dos telhados, das chamines, voa por cima de tudo e desaparece do meu raio de visao seguindo sua viagem sem volta.
(...)
Faz tempo que o cigarro terminou e eu fiquei aqui divagando... olhando as folhas em seu bailado.  Espero que a neve chegue logo. Acho lindo quando tudo fica branquinho e o sol brilha refletindo as gotas de agua congeladas. Sao bilhoes de brilhantes ali, espalhados pelo chao. Preciosas gotas de agua, agua da vida, que em pequeninos flocos caem do ceu e puras, imaculadas, transformam os parques, as casas, e ruas... com uma aura de brancura.
Contudo ainda nao nevou este ano. Ainda esta tudo cinza e as vezes chove. O inverno ainda nao chegou.
Ainda tenho tempo para fazer mais alguma coisa.
Olhei novamente para a árvore, majestosa com seus 60 metros de altura ou mais... em sua sabedoria largou todas as folhas para sobreviver ao inverno e se fazer bonita na primavera. Ela se recolhe para o interior de sua seiva, mantem o caule a velha casca grossa, manto para o frio, trabalha suas raizes e programa seus frutos. Esta ali, naquele lugar ha quantos anos? Nao faco ideia, mais de cinquenta com certaza. Fixa suas raizes na terra e luta pela sobrevivencia, mesmo legando a propria sorte suas crias, sua beleza se larga tambem, se solta.
Aquela pequenina folha apesar de seca vai para uma viagem facinante, ver alem das fronteiras do predio onde brotou. O vento agora lhe conduz a uma aventura sem volta, pois ja nao pertence mais a arvore. Esta livre, independente, sozinha...
Com seus poucos recursos busca aproveitar ao maximo a grande aventura de voar e perceber novos horizontes.
Fazemos a mesma coisa, largamos nossos filhos... vamos deixando marcas e vamos marcados para sempre... em busca de uma primavera, de um renascimento, de renovacao.
Lagamos o caminho seguro, certo, conhecido e nos jogamos nas incertezas da nova trilha. Uma aventura, a grande aventura de viver.
Estou aqui, olhando a vida atraves desta janela, olhando para minha vida, para o meu passado, para o meu futuro. Nenhum dos dois me interessa mais. Eu quero viver o meu presente. Eu quero viver como aquela folha, ao sabor do vento, subindo, rodopiando, bailando ate encontrar novamente o meu chao, ... e quando isso acontecer será para sempre. Estarei morta.