quarta-feira, 30 de maio de 2012

Diagnóstico: SAUDADE






Hoje acordei com uma dor estranha. Nao era nada fisico, mas uma dor indefinida, na regiao do torax.
Imediatamente pensei que fosse gases... ou estomago, ou um pouco de febre... nada. Tomei um comprimido e fui para o meu rotineiro dia. Eu sabia extamente onde estaria, o que estaria fazendo em cada minuto entre as sete da manha e as tres da tarde. Tudo programado!
O mau estar continuou; nenhuma melhora.
Li outro dia sobre os sentimentos do Hoje: é a visita ao Passado gerando saudade ou a ansiedade pelo Futuro...
Tudo bem! Eu concordo plenamente. Contudo quando o presente tá uma merda, e a gente nao quer continuar com essa merda toda, onde vamos procurar o erro? No passado. O que eu devo mudar? Ninguem explica como... cada um que procure sozinho. E eu estou procurando. Estou vasculhando a merda toda para saber de onde vem... onde foi que eu entrei no vaso sanitario?
Uns vao me dizer: falta gratidao... tudo bem. Concordo. Quem agradece pela merda toda, exceto aqueles que estavam com uma enorme prisao de ventre...
Quando voce tem consciencia de que estava fazendo tudo certinho... e puft! Tudo muda, é merda... uma diarreia so. O que aconteceu? O  susto é grande... a fossa estourou! Porra! Eu tava produzindo tudo isso e nem me dei conta! Tai, vai ter que buscar o erro no passado.
Hoje estou me sentindo entalado, o peito lotado, uma misturada toda.. e saudade... saudade doida. Saudade doída! – Parece aquele cheirinho estranho antes da catastrofe... ou nao?
Sabe quando me senti assim antes? Quando estava sendo traída em minha confianca. Quando estava sendo usada pelo sistema. Olha o cheirinho avisando que ta tudo entupido! – Cuidado!
Sabe quando me senti assim antes? Quando eu nao podia fazer nada e sabia que o abismo era inevitavel. – Faltou algo para voce chamar o limpa-fossa? Ou nao deu tempo? Ou eu pensei que era no vizinho? – Sei la!
Entao... como contornar essa situacao? Entao como amenizar pelo menos a queda? Preciso de um para-quedas... e a alegria é o melhor para-quedas que conheco. Porem, estou morando numa cidade melancolica... bucolica... apesar de ser uma metropole!
Quero minha alegria de novo! – grito. Epa, nao posso gritar... vai incomodar o vizinho, pois ele nao gosta de barulho e nao vai entender o que eu estou dizendo... quer permanecer com a sua melancolia privada. Privada! – Olha a merda ai novamente.
Nao importa o tamanho da cidade, o sentimento tambem aumenta pois é produzido pelos seus moradores, de hoje e de ontem.
Ta, mas o que diabos tenho hoje?
Tenho saudade do Ceará... do interior do Ceará... daquelas cidades que a gente se senta numa banquinha do mercado e come uma panela, um sarrabulho, uma cervejinha ou uma coca-cola meio quente... espumando... as duas... ou um suco de graviola, de caju, de tamarina... acerola.
Tenho saudade do Ceará ... e de seu dialeto lindo. De todos os “arre-égua”, “ macho réi”, “cabra safado”, “quenga”, quero botar no mato toda essa tristeza, quero ir num relabucho, num forro danado, tomar umas meiotas, comprar um celular na budega do seu Manédafonso! Nossa, tinha esquecido que todo mundo tem dois nomes... um apelido, uma forma geral de conhecimento... e vai olhar na carteira de identidade do seu Manedafonso que o nome dele podera ser Antonio nao sei das quantas.
Tenho saudade das estradas do Ceará! Mesmo que na grande maioria das vezes estivesse a servico, eu adorava viajar... nao pelo destino propriamente dito, mas pela estrada mesmo, suas plantas no acostamento, espinhentas, suas flores de maio. Olha que a estrada é floriada em maio. Linda! Um verdadeiro jardim que brota das chuvas de marco e abril... tudo verdinho!!!
Tenho saudade do vento, do cheiro do mato, do marmeleiro, e em julho e agosto, do cheiro das farinhadas... do cheiro da areia molhada em marco, abril... do cheiro do caju entre setembro e dezembro... de torrar castanha debaixo do cajueiral, e depois queimar os dedos, quebrando e comendo quente, ali mesmo, misturada com areia, com casca, ... nunca tive nenhuma consequencia depois disso.... Saudade do peixe assado na beira d’água, tratado e temperado na folha da bananeira, e assado ali, fresquinho, pescado na hora,... eita cará gostoso!
E aqueles caldinhos de tutano depois do forro?- ...
JUNHO! Quadrilhas por todo lado... bolo de milho, pe de moleque, churraquinho de “gato” pra tira-gosto da pinginha com coca e limao... as feirinhas nas festas da “santa”, onde se compra todo tipo de cacareco...
Tenho saudade do meu Ceará!
Já cansei de chorar por causa desta saudade. Ja cansei de pedir a Deus uma saída... mas eu tenho que ficar é por aqui? – por que? Para que? – Vai saber!
Acho que vou rezar de novo:
Arre égua, Senhor. Agora ou vai ou racha, ou as apragata desatarracha; dá uma olhadinha por ai e cuida da minha terrinha, do meu Ceará, pois um dia eu quero por la novamente andar. Manda chuva e fartura, manda aqueles fidumaégua pará de engabelar o povo e melhorar a situacao dos cearenses, cabra macho e mulher bonita! Da uma brechadinha ai e ve se alivia as dores daqui tambem. Obrigado Senhor, por me entender. Amém.
Eta saudade fiadumaégua... mas vou aguentar, num to nem vexado pra tudo se arrumar de vez... vou esperar naquele la de cima... O grande coroné do povo!

terça-feira, 29 de maio de 2012

Nudez





Cheguei ao fim do beco sem saida.
Nada mais a percorrer.
Eu resolvi.
Eu me despi.
Tirei o chapeu do preconceito.
Largei fora o manto da preocupacao.
Saquei os sapatos do medo.
Desfiz o nó da gravata do julgamento.
Rasguei a camisa do egoismo.
Soltei os bolsos do consumismo.
Finalmente,  despi a calca da vergonha.
Aqui estou eu.
Despido.
Nu.
E assim me entrego
Para a vida!


Francy Wagner, Wien, 29.05.2012, Reumannplatz

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Mil vezes








Morri de amores, por ti,
Mil vezes mais morreria!
Cada vez renasci
No teu beijo,
No calor do teu abraco,
No aconchego do teu regaco.

Morri por ti mil vezes.
E mil mais morreria
Se na certeza de te encontrar
A ressurreicao se faria!

Morri por ti uma vez;
E ainda morto te amo;
E ainda morto te espero;
E ainda morto te encontro
Nos sonhos...
Nas lágrimas...
No frio da noite eterna!

Francy Wagner, Wien, 23.08.2010 - Donauinsel

Eu sou Policial?!





Eu sou policial apesar de nao mais trabalhar na policia. Eu nasci policial e cresci sonhando em fazer tudo aquilo que nasci para fazer.
Isso é verdade?

O que é ser policial?
Ser policial é trabalhar para manter a sociedade dentro dos padroes determinados pelos governantes.
Isso mesmo, ser policial é perseguir e excluir da sociedade aqueles que sao considerados criminosos. E quem define o que é crime? Uma lei. E quem faz essa lei? Os governantes, os dominantes da sociedade, numa democracia, com o aval da grande maioria.
Entao quando a policia age, a grande maioria esta aplaudindo, esta placidamente sentada em seu sofa confortavel assistindo a tudo e confirmando o certo. Afinal os que fizeram as leis e definiram o crime estavam trabalhando com o aval desta grande maioria.
É provar do proprio veneno todos os dias, todas as horas.
Acontece um crime. Onde esta a policia? Onde estao aqueles que eu paguei, que eu pago para me protegerem destes outros que nao seguem as regras ditadas por mim atravez do meu mandatario, atravez daquele que eu, como maioria coloquei ali?

Eu nao nasci policial. 
Eu me enganei. 
Eu nasci outra coisa... eu sou outro.
Eu devo ter renascido, entao.

Tudo que eu acreditava, tudo que eu vivi, tudo pelo que eu lutei, foi tudo uma farsa? Nao! Fui sincero em cada gesto. Eu fiz o que eu acreditava que era certo.
E quando eu mudei, quando eu percebi que nao fazia mais parte do time, eu sai!

O dominio mudou de maos e enfraqueceu. A grande maioria nao estava mais sendo protegida, nao estava mais concordando com seu mandatarios, ou havia alguma coisa muito errada.

Nasci para investigar... poderia ter sido cientista!

Descobri que tudo foi uma sequencia de fatos... voluntarios, premeditados ou nao, porem fatos. E a irreversibilidade dos fatos é outro fato.
O que aconteceu, aconteceu. Nao se muda o passado.
Entao, vamos olhar para frente. Mudar o futuro.
Para mudar o futuro, precisa-se de muita vontade, e uma grande coletiva vontade!
E busquei reconhecer esta vontade... conhecer acoes que mudassem o rumo do universo e descobri que a grande vontade estava mudando realmente o rumo de tudo, contudo nao era o rumo que eu queria tomar.

Ou fora eu que mudara?

Realmente nao sei. 
Talvez os dois. 
Talvez eu tivesse ficado no passado, buscando uma postura de honra e justica, aprendida nem sei com quem. E honra e justica tambem estao mudando... sao conceitos criados por homens filhos de adao... tudo que eu um dia acreditei, um dia lutei para manter na ordem das coisas, pareceu naquele momento tao falso!

Entao verifiquei que muitos tinham acompanhado o novo rumo. Eu estava ficando obsoleto, solitario, atrazado em meus sentimentos e atitudes... andando fora do compasso! Comecei a ser um impecilio, um atrazo, atravancando as situacoes que facilmente seria resolvidas pelo mais jovens e que estavam no novo rumo das coisas.
Sempre fui teimoso, e na minha teimosia eu relutei a encarar e aceitar o novo rumo. Confesso que ate tentei e vi que nao tinha a menor aptidao para aquela nova situacao.
Eu vivia noutra era... o novo rumo havia se instalado totalmente. O novo rumo dominante estava me destruindo por dentro e chegaria a me destruir por fora tambem.
Quando percebi estava so. Sem amigos, sem colegas, sem orientacao... e quase sem familia.

Morri. Morri por dentro. Deixei de vibrar. Meu coracao deixou de pulsar. Nao sinto mais calor e nem frio. Estou na zona morna, ou morbida?
Nao me reconheco ... e vago pelas ruas da vida buscando algo que me faca novamente vibrar, pulsar, esfriar e esquentar... amar.
Quem é jamais deixa de ser... entao o que continuo sendo? Em que continuo acreditando? Em conceitos tao antigos de dignidade, honra, respeito, caridade, amor.
Hoje eu estou do outro lado da cortina, do palco, assistindo ao espetaculo. Sei quem manipula as marionetes. Sei o que se passa por tras da cortina, nos camarins... conheco a maquiagens e reconheco os personagens. A peca continua sendo encenada... e continua recebendo os mesmo aplausos.
Eu me recuso a aplaudir. Eu me recuso a participar. Eu me recuso a encenar. Eu me recuso a me matar.
Vou vagar por ai, pelas ruas da vida, sentir o vento, o sol, a poeira, ate.... tambem virar poeira.

sábado, 26 de maio de 2012

Deletando magoas






Uma boa limpeza pode demonar anos para comecar e longo tempo para terminar. A gente fica lembrando dos detalhes, dos momentos bons ou ruins, mas momentos de nossa jornada que parecem reviverem com nossas quinquilharias. Lembrancas sao sempre lembrancas, so existem em nossa mente, mas sobrevivem em nossos sentimentos. E chave da porta das lembrancas estao guardadas pelos cantos de gavetas, dentro de caixas de sapatos, cujos sapatos ja se foram há tempos, em páginas daquele livro que nao terminamos de ler, em cadernos guardados “de lembranca” principalmente quando tem o autografo de todos os colegas de curso, e principalmente no estojo especial das lembrancas denominado album de fotografias.
As fotografias sao chaves por excelencia e so para lembrar dos momentos instantaneados naquele pedacinho de papel nos as guardamos em belos albuns. Reliquias de Familia. Algumas sao cortadas, ou eram quando o casal se separava, o namoro terminava... e se devolvia a foto do ex: antigo nao? Pois era assim no tempo de minha mae: a celebre frase: “Me devolve as fotos que te entrego as cartas”; caso esta ameaca nao surtisse efeito, tudo viraria cinzas e com estas, o romance estava definitivamente acabado. Bem, mas as lembrancas permaneciam, talvez trancadas para sempre dentro de um coracao ferido.
Contudo somos feitos de carne, ossos e sentimentos e nosso passado muitas vezes nos parece mais vivo que nosso presente. Esta é a razao de muitos sabios aconcelharem a se viver no presente, largar o passado, deixar la tras... por que?
O porque eu realmente fico a me indagar. Se o passado incomoda, se as tristes lembrancas incomodam, entao as boas tambem incomodam? Se o passado nao existe mais, entao por que guardamos as lembrancas? Quaisquer que sejam, boas ou ruins, se deixarem de existir, nos tambem deixamos, ou nao?
Voltando as minhas gavetas, ao porao das minhas lembrancas.
Eu estava aqui,  organizando antigos arquivos e revirando assim o passado.
Encontrei umas fotos nao tao antigas, mas me detive olhando para pessoas que nao vejo ha muitos anos. Algumas me trouxeram boas recordacoes, outras porem tristes e decepcionantes. Parei com tudo...
Obsevei longamente aquela fotografia. Deleto ou nao? (vivo na era digital)- deletar corre sempre o risco de perder, entao mando pra lixeira. Pode ser que depois eu queira reconduzir o arquivo ao seu lugar anterior... ou nao.
Sempre ocorre essa duvida, nao é mesmo?
Decidi que aquilo que imediatamente eu nao deletava, ficaria no mesmo lugar por mais algum tempo ate que a vontade de jogar fora fosse totalmente livre e imparcial.
A gente sempre quer jogar fora aquilo que magoou ou que ainda doi, um pequeno prego incomodando no coracao. Mas se desfazer daquilo que doi, com a intensao de parar a dor, é a mesma coisa de tomar um analgesico sem tratar a doenca. Um belo dia a dor volta a incomodar mesmo que a chave da lembranca tenha sido exterminada de nossa vida.
Entao fiquei ali, olhando aquela fotografia, deixando me alimentar de toda dor que eu pudesse sentir. Perece masoquismo! Mas nao é.
Encarar a dor de frente. Encarar a magoa de frente. Ficar ali com ela e buscar suas causas, onde esta o erro, por que ainda sofremos, o que nos faz sofrer... por que ainda sofremos se tudo ja passou, ... isso! Por que eu ainda sofro com essa lembranca se tudo ja passou.
Por que fico aqui revivendo o fato com a mesma magoa, com o mesmo sentimento?
Se essa pessoa que me causa sofrimento estivesse aqui agora, diante de mim?! E tivesse muito a dizer, coisas que nunca ouvi ou nunca quis ouvir. Ou se o fato que me doi nao aconteceu realmente desse jeito?
Desculpar- é tirar a culpa, des- prefixo indicador de negacao; negar a culpa, desculpar!
Nao quero desculpar ninguem, muito menos quem me causou tanto sofrimento. O que eu quero é nao sofrer mais. Quero vencer a magoa que doi e incomoda. Quero sair do desvio do passado, do rancor, do reviver e revirar as memorias da lembranca e sofrer novamente. Eu quero me dar o direito de recordar do mesmo fato, sem dor, sem incomodo nenhum. Quero ver com outros olhos, com os olhos do sentimento, do coracao.
Entao eu nao vou desculpar. Nao posso negar a culpa de ninguem, assim como nao posso negar a minha propria. Ou fomos causadores do dano ou nao. E nao deixe nenhum filosofo do Direito entrar na conversa que ele escreve um compendio sobre a culpabilidade.
Eu quero me perdoar por me magoar tanto. Eu quero perdoar quem me causou tanto dando. Eu quero apenas per-do-ar!
Eu nao sei como perdoar. Desde pequenina escuto esta frase:”Voce deve perdoar seu irmao!”- porem ninguem nunca conseguiu me explicar como é que a gente perdoa.
Ja notaram que ninguem consegue explicar sentimento nenhum? Como é amar? Como é perdoar? Como é se apaixonar? Como é se desapaixonar?(isso existe?) Ninguem consegue ensinar a ninguem como sentir? Nao se aprende a sentir. A gente sente ou nao.
Nao sei como é perdoar. Entao vou ficar olhando essa foto ate nao sentir mais dor. Vou consumir o veneno em pequenas doses ate ficar totalmente curada.
...
A faxina foi parcialmente terminada e depois de tres dias retornei ao mesmo ponto.
Durante todo tempo fiquei remexendo a dor, abrindo a ferida, verificando se ainda sangrava ou se o tempo havia curado tudo por dentro.
O tempo!
Foi com vontade e me dando tempo para encarar a dor, a magoa de frente que ela parou de doer.
Desisti de deletar o arquivo por que doia.
Deletei por que eu quero o espaco livre para novas fotos. Aquela foto nao me interessa mais. Aquela lembranca nao me incomoda e nao me interessa mais.
Será isso perdao?
Nao sei.
Verdade é que deletei a magoa do meu coracao. E fiz diversos testes antes de deletar o arquivo.
Foi um grande alivio!

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Nós






Ela estava ali. Na minha frente, olho no olho.
Eu sentia meu corpo tremer como se fosse a primeira vez. Foi a segunda vez que tremi, em toda minha vida. Toda minha experiencia desvaneceu, sumiu. Sentia me como um adolecente diante da professora universitaria.
Seu sorriso, quase inocente, me incentiva a seguir adiante.
Eu nao sabia por onde nem como comecar. Estava com muito cuidado, para nao quebrar o encanto que nos envolvia. Eu sentia medo de toca-la... e queria toca-la como um alucinado. Quanta contradicao.
Um encontro planejado, esperado, idealizado, e justamente agora... na primeira vez que eu a via, a tinha nos meus bracos, eu ja a conhecia, nao era mais um encontro, era um reencontro. Um reconhecimento de almas.
Senti o calor de seu corpo, seu coracao tambem pulsava alucinadamente... nossos coracoes enlouqueceram.
Deixei-me levar pelos sentidos. O desejo procurava ultrapassar todas as fronteiras. Era um desejo alucinado, revolto, envolto.
Nosso primeiro abraco, nosso primeiro beijo.
A suavidade de seus labios, ... perdi o senso e a sanidade. Beijei-a com a profundidade de meu sentimento. Senti que toda cautela se desvanecia e ela se largou nos meus bracos, se amoldou ao meu corpo de ficamos ali, unidos, um so corpo, durante longos segundos, eternamente.
E tudo foi evoluindo, fluindo, movimentando-se no compasso e no abraco.
Ja nao percebia mais nada alem de nos mesmos. Ja nao pertencia a esse mundo, o planeta nao existia mais. Somente nos dois, num abraco divino, flutuavamos no espaco rumo a plenitude do universo.
Nada programado. Nada contado. Nada constado.
Na magnificencia do cosmo, nós e somente nós sabiamos onde estavamos e estavamos juntos, unidos, perfeitamente.
A perfeicao se fez ali.
A eternidade se manifestou naquele momento.
Nossos corpos suados e suavisados voltaram lentamente para a realidade mundana.
Nunca mais nossas vidas seriam como antes. O novo se fizera e nós nos renovamos no desejo e na permanencia do estado de extase.
Nada mais fazia tanto sentido. 
Nós apenas nos sentiamos. 

Estavamos presentes.

Para meu grande amor-quatro anos depois





Há mais de quatro anos atras, eu estava na plenitude da felicidade!
Tudo na minha vida era perfeito. Eu estava indo bem no trabalho, tinha reconhecimento profissional e minha familia estava crescida, seguindo seus proprios caminhos, eu tinha a pessoa que amava do meu lado.
Tudo fazia sentido. Eu estava com meu grande amor.
Meu sonho de felicidade durou uns tres a quatro anos. Entao tudo foi aos poucos ficando confuso e nao consegui identificar o que somente eu nao sabia.
Meu amor estava andado em mao unica!
Na primeira grande dificuldade, o castelo de cartas caiu.
Eu ouvi sem acreditar: “ eu tenho meus sonhos. Eu vou atras deles.” E a porta se fechou sem um convite: QUERO QUE VOCE VENHA COMIGO!
Hoje continuo me sentindo idiota por nao ter visto o obvio!
Mostrei para ela meu melhor lado e deixei que ela conhecesse o pior tambem. Ela aceitou; garantiu que me amava.
Compartilhei com ela meus sonhos, meus vicio, minha alegria, minha tristesa... e nao percebi que ela nada compartilhava... me escondia seus reais sentimentos atras de uma afirmacao: eu te amo!
Convidei para viver comigo meus sonhos mais puros e belos: a mesma afirmacao- eu te amo.
Eu fiquei numa posicao confortavel e confiava plenamente naquela pessoa que se mostrava tao apaixonada quanto eu. Eu confiei... confiei demais. Eu amava e fiquei cega, surda e burra! Acreditei na afirmacao: eu te amo, cheirinho!
Pois é!
Acordei dentro de um pesadelo. Sem meu emprego, sem o meu amor, sem meu lar e sem o meu idioma, sem o meu espaco conquistado, sem a minha seguranca. Sem nada.
Só restou minha coragem.
Estou bravamente sobrevivendo as tempestades. Contudo procurei reencontrar os pedacos do meu coracao, esmigalhado diante de tao cruel e abominavel ataque de desprezo... quem nao ama, tambem nao odeia... DESPREZA!
Amor e odio sao irmaos siameses, ligados pelo mesmo fio condutor. Fazem parte da mesma moeda, do mesmo sentimento. Um é o sal do outro, um é o tempero d’outro! Desamor é desprezo, ignorancia total da existencia do outro, abandono total ... vazio total.
Fui mais um... fui nada ou menos que isso que nem respeito ficou. Sem amizade, sem bons momentos, sem boas lembrancas... nada ficou. Tudo foi devastado, seco e deserto permaneceu depois de tudo.
Hoje nao me odeio, me amo; hoje nao me desprezo, me consolo; quem nunca foi enganado na vida que jogue a primeira pedra.
O pior ladrao é o de sonhos.
Tive meu sonho transformado em pesadelo, pois so valia viver esse sonho se ela estivesse do meu lado, pois tudo foi contruido a dois. Tudo foi planejado a dois... eu fiquei com tudo e nao posso tudo so, falta o brilho do meu olhar, falta o perfume de seu corpo ao lado do meu, falta o sorriso – que eu pensava que era verdadeiro – me incentivando e aprovando aquelas atitudes.
Eu sonhei sozinho.
Eu fui feliz sozinho.
Eu acreditava que tinha alguem do meu lado. Eu estava sozinho.
Entao...
Eu sonho.
Eu sou feliz.
Eu acredito em mim.
Eu vivo so.
Eu aprendi a plantar minhas flores e admirar o por do sol... sozinho. Ja nao sinto sua falta. Estou feliz por voce nao estar mais do meu lado. Estou feliz por ter conseguido mesmo sem voce, viver meu sonho, realzar o que sempre quis... é, estou feliz.
Hoje nao tenho mais medo de te encontrar e ter uma reacaída. Eu posso ate ter um pouco de carinho por voce, por que eu me amo o suficiente para evitar sentir raiva de voce. Voce nao merece minha raiva. Voce merece sim meu amor, amor e carinho, como sinto por todo qualquer ser, filho da Natureza.
Agradeco por voce ter me deixado como me deixou, pois eu fui ao fundo do poco.
E de la, subi, quando pensei que nao tinha mais forcas para tanto.
Superei minhas dificuldades acreditando na minha capacidade. Eu descobri que era capaz de muito mais do que voce imaginava que eu seria.
Eu me admiro comigo mesmo todos os dias... mais uma superacao. Mais uma vitoria. Mais um dia e consegui o que buscava... estou vivo, pulsando, e agora... capaz de amar novamente.
Meu coracao está novamente inteiro, integro, recuperado. Ele pulsa forte dentro do peito e me garante que nao preciso mais te buscar nos sonhos, nao preciso e nunca precisei de voce realmente.
Desejo que voce tenha realizado seus sonhos... como me disse que ia realizar. E espero que voce esteja mais feliz do que eu.
Obrigado por ter me deixado, me abandonado, me esquecido, me largado, me feito crescer!

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Cuidado! Nao me entregue seus sonhos!




Tenho lido muito sobre sonhos. Tenho tido pesadelos.

Pesadelos sao sonhos noturnos, quando visitamos nosso inconsciente e revemos e reviramos historias, em outro nivel de acesso. Sonhos iluminados, coloridos, preto e branco, escuros, incompreensiveis, tem de tudo!
No leito da noite, no alvorecer da alma, tudo é exposto e revirado. Olhamos pelo espelho das experiencias e tentamos levantar o veu do futuro. Mas se o passado nao existe mais, o futuro nao existe ainda. E o futuro nunca existira... será sempre presente. Nossa heranca sao as lembrancas.
Entao vem os sonhos.
Algumas vezes tentei compartilhar meus sonhos com outras pessoas... nao deu muito certo. Eu parei de sonhar ou tive meus sonhos frustrados e alguns até copiados que realmente deixaram de ser meus.
Hoje eu nao entrego mais meus sonhos para ninguem e nem quero os de ninguem. Eu nao estou conseguindo nem os meus... quica os de outrem!
Nossos planos, nossos sonhos sao elaborados em nossa alma, no aconchego do coracao e somente nos mesmos podemos concretiza-los, na forma original ou melhorada. Se for sonhado por outra pessoa deixara de ser meu sonho e passara para ser outro sonho, o de outra pessoa. Meu é somente aquele que eu estiver sonhando: uma obra de arte solitaria, e nao solidaria... uma obra da minha arte de sonhar e de viver... viver meu sonho, da maneira como bem me aprouver, isso requer coragem e consciencia de liberdade.
Compartilhar sonhos, nao é possivel. Podemos nos maximo comemorar a realizacao de nossos sonhos, mas compartilhar um sonho...nao.  “Sonho que se sonha junto é realidade”: romantico, audaz, porem impossivel. Somente o sonho de um é realizado; este filme so tem um ator principal, os outros sao coadjuvantes. Podemos participar da realizacao de um sonho de alguem, mas de forma externa, lhe aprovendo condicoes de realizar por si so seu sonho individual- isso acontece envolvendo os sentimentos de solidariedade, amor, gratidao, companheirismo, amizade. Contudo o sonho é do personagem principal, e somente dele. Mesmo se for de um casal, continua sendo um sonho de um... casal, par, coletividade que se transforma em unidade.
Por isso eu digo: nao me entregue seus sonhos. Eles deixaram de ser seus e passaram a ser meus. Se eu os for concretizar, realizar, sera feito do meu modo, do meu jeito e tera a minha cara, a minha assinatura. A obra de arte pertence somente ao artista que a compos. Assim tambem os sonhos.
Nao me entregue seus sonhos. Eu posso nao querer sonha-los. Sao seus, nao meus. Talvez eu me interesse em conhecer seus projetos, seu objetivo, por um motivo ou outro, porem ficarei com os meus sonhos. Eles sao mais interessantes para mim.
Nao me cobre a realizacao de seus sonhos. Nao é de minha responsabilidade realizar sonho de ninguem. Assim como o Divino nos deu livre arbitrio para planejar e realizar, nos deu tambem o dom de sermos artistas de nossa propria obra de arte. E so podemos cuidar da nossa. A sua obra de arte lhe pertence inteirinha... e se voce chegar la no final do seu tempo sem realizacoes, e lhe for perguntado o que fez dos seus sonhos, voce nunca podera alegar: estou esperando que meu amigo os conclua por mim. Se eu tenho um sonho, tambem tenho as ferramentas para realiza-lo. Ou desisto se me acho incapaz.
Incapacidade nao existe... mas isso é outra historia.
Ninguem rouba o sonho de ninguem. O sonho é unico. Alguem pode ate querer fazer a mesma coisa que voce, mas vai ser feito do jeito dele, nao do meu ou seu. Cada sonho é individual, único e do artista principal.
Triste preocupacao... concorrencia. Otimo que exista: prova a minha capacidade de superacao e a minha vontade de acertar.
O sonho nunca vira pesadelo. Pesadelo é o sonho do outro que tentamos realizar. Isso sim da uma dor de cabeca daquelas, uma verdadeira enxaqueca.... por isso, nao me entregue seus sonhos, eu nao vou realiza-los. E tambem nao me cobre a realizacao dos meus... eu sei o tempo certo, e quando nao faco ideia, o Universo se encarrega do resto.
Lembrei de um tempo la atras quando minha tia reclamava que eu nao tinha secado corretamente a varanda que acabara de lavar, ai eu respondi: deixa, tia, a natureza se encarrega!- hoje vejo que ja sabia a verdade ... a natureza se encarrega.
Nao me entregue seus sonhos, sou pessima em cuidar das minhas proprias coisas, displicentemente vou soltando aqui e acola, imagine seu sonho, sua joia, sua obra prima! Vai ser uma catastrofe na sua vida e nao adianta reclamar, será voce mesmo quem ira reorganizar tudo, refazer tudo, limpar tudo.
Eu tenho um sonho... estou vivendo meu sonho de ontem e preparando o sonho de amanha.
Assim prossigo pela estrada afora, curtindo a paisagem.

Wien, 21.05.12 
PS.- Obrigado pela paciencia de ter lido ate o final. Seu comentario sera bem vindo e meu maior incentivo. 

Continuo viva!


Estou novamente diante de uma folha em branco. Tanto tempo ja se passou desde a ultima vez que escrevi sobre esse assunto que ele me assustou ao voltar à lembranca. O que estaria eu fazendo hoje, exatamente hoje, se nao estivesse aqui? Uma pergunta impossivel de ser respondida, por que estou exatamente aqui.
Encontrei forca onde nao tinha. Superei obstaculos que nunca imaginaria superar antes deles acontecerem e encarei a vida de forma audaciosa. Tive coragem às margens da loucura; ou fiquei louco e nao sei.
Ontem consegui falar sobre o assunto e sobre as magoas que me travaram a vida, pois tudo enfrentei como um sonambulo a espera de um milagre. O milagre de que tudo nao passasse de um pesadelo... mas foi real. Tudo foi real. Estou aqui.
Naquele tempo eu sonhava. Hoje eu vivo. Naquele tempo eu planejava; hoje eu faco. Nao tenho mais tempo para pensar, programar... nada mais é programado. Tudo acontece e vai continuando a acontecer e vou superando meus limites, ultrapassando obstaculos e juntando os pedacinhos do meu coracao pelo caminho, sem parar nem para chorar. As lagrimas secaram. Minha hipocrisia de me fazer forte sumiu. Hoje sou forte! Tenho consciencia da minha forca so nao tenho consciencia dos meus limites, pois toda vez que penso que nao posso mais ir adiante, eu vou, corro, salto, alcanco.
Estou firme, em pe. Trago cicatrizes pelo coracao, pela alma, e algumas feridas ainda sangram. E dessa dor extraio minha forca de continuar, pelo amor e pelo odio, pela saudade e pela aventura, pela esperanca e pelo desespero.
Esqueco o futuro, olho para o passado, vivo o presente. Um presente diario, mais um dia de novos desafios... sempre um presente.
Na imprevisao do cotidiano, sigo o caminho que se abre, nao pretracado, nao esperado, nao imaginado. As surpresas sao constantes. A superacao tambem.
Hoje fico aqui pensando, onde e como ela estara?
Sera que quero mesmo saber como ela está? – nao. Nao quero mais saber como ela esta. Nao quero mais saber como estam colegas parceiros, falsos amigos... aqueles que nunca se lembram de mim que nao sabem quando é meu aniversario. Que nao me enviam uma mensagem de otimismo... tudo se foi.
Eu tenho a grande oportunidade de recomecar. Hoje poucos amigos eu tenho, e os que tenho sao verdadeiros.
Nada tenho para oferecer alem da mais simples e humilde amizade de mim mesmo. Eu sou como sou. Eu sou o que sou. Eu sou apenas eu mesmo.
Sigo a vida livre, fazendo o necessario, o obvio, o extraordinario é esta vivendo assim.
Se ela aparecesse na minha frente, o que eu faria? Nao tenho a menor ideia. Vou pensar nisso somente no momento.
Hoje estou aqui. Comigo, meu grande e melhor amigo.
Futuro... nao tenho nada planejado, nem plano A nem B.
Sobreviver. Seguir. Sorrir. Resolver os problemas do dia. Deixar para amanha o de amanha.
Assim sou e assim vivo.
Viena, 02 de marco de 2012-
22:13 

quinta-feira, 17 de maio de 2012

A felicidade alheia incomoda



Estava aqui me lembrando da conversa que tive com uma amiga. Ela estava magoada por que tinha ouvido algo injusto e direcionado a ela mesma.

Entao eu fiquei pensando como estar feliz por uma conquista incomoda e, por incrivel que pareca, a muito mais pessoas do que se pensa. O sucesso pessoal incomoda e provoca inveja... isso magoa quando parte daqueles com quem gostaríamos de comemorar nosso sucesso.
Por que a felicidade alheia incomoda? Por que tentamos, pode ser ate inconcientemente, estragar a alegria alheia?
Quantas vezes voce esta super feliz e comenta o fato com sua turma e tem sempre alguem que fala algo para lhe levar pra baixo, reduzir seu animo, jogar areia na sua fogueira, agua fria na fervura, cortar seu barato... sao os amigos da onca!
Sabe-se de longe que a inveja provem de quem gostaria de estar no nosso lugar, ou seja, colher os lucros da nossa colheita, sem porem terem coragem de plantar seu proprio terreno, pois isso custa lagrimas, suor e sangue.
Nao vou falar aqui de como se defender destes amigos da onca, mas vou falar de como nao ser amigo da onca.
Em primeiro lugar, ser amigo da onca é nao estar feliz com o sucesso do seu amigo. Entao em primeiro lugar nao é seu amigo, passa a ser o ser invejado, adorado, o misto de amor e odio que prejudica as duas almas envolvidas. Voce ja se aproximou por que aquela pessoa faz sucesso e voce adora sucesso; vai chegando, ficando ali na sombra dela, colhendo migalhas, e pensando que vai tambem fazer sucesso. Entao comeca a se sentir humilhdo, pisado, incompreendido, ignorado... por que a pessoa idolatrada nao lhe “ajuda” a subir tambem no barco do sucesso dela. E esse sentimento vai aumentando... aumentando... e se chama inveja. Epa, mas a inveja é preexistente à amizade! A aproximacao ja foi sua motivacao. Entao quando o amigo da onca percebe que nao pode mais do que ficar ali colhendo migalhas, explode, devagar, e comeca o jogo: ja adquiriu confianca suficiente, entao pode jogar agua fria naquela fervura ... e como gritar: “Ei, estou aqui em baixo e nao consigo subir tanto quanto voce!”
Depois temos que o insucesso muitas vezes é provocado por nossa falta de perseveranca, nossa presuncao, nosso orgulho de nao querer comecar de baixo, subir degrau por degrau a escalada do nosso objetivo; isso tudo se tivermos um objetivo concreto, pois ser rico, famoso, ter dinheiro, ter uma mansao, ter uma Ferrari... nao sao objetivos concretos. Pensa-se que sim, mas tudo isso nao passa de TER, e é a maior ilusao dos homens filhos de Adao.
Quando se comeca a pensar em SER, como nos pais perguntavam quando eramos criancas: O QUE VOCE QUER SER QUANDO CRESCER?- entao o objetivo comeca a se concretizar. No Ser esta o segredo. O Ter é apenas uma ilusao.
Entao quando temos inveja do sucesso, temos inveja do TER e nao temos a coragem de SER para ter o mesmo sucesso.
Nao se TEM felicidade, ou se é feliz ou nao. Ser feliz é uma opcao e quando se é realmente feliz nao temos inveja do que os outros sao ou teem. Tambem somos e temos.
Quando somos alguem, temos ideias e lutamos por essas ideias e por nossos ideais, conseguiremos com certeza o tao almejado SUCESSO! – e viram nossos proprios amigos da onca.
Quem quer ser comeca pequeno ou de pequeno. Quem sabe o que quer ser, vai trilhando seu caminho desde cedo, com perseveranca e certeza de chegar ao seu objetivo. Quem sabe o que quer ser, nao se preocupa muito com o ter, pois o ter virá na proporcao da aproximacao do nosso objetivo, e o ter nao tem tanta importancia, pois o ser é e será sempre a prioridade.
Ainda tem aqueles declarados, que nos invejam e sabemos disso. Sao os menos perigosos e sao capazes ate de chegar ao sucesso pessoal. Estes sao os verdadeiros incentivadores de nossa jornada. Contudo, aqueles que estao do nosso lado, no nosso circulo de amizade, dificilmente chegaram onde querem, pois nao sabem o que querem. Apenas pensam em ter.
Eu penso assim; nao digo que seja assim. Nao estou aqui para ensinar nada pra ninguem. Apenas gosto de escrever e preciso de temas... heheheh... e pra quem chegou ate aqui, obrigado por ter tido a paciencia de ler. Seu comentario é meu melhor presente.
E ...
Amigos da onca de plantao. Sua inveja é o termometro do meu sucesso! 

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Hoje


Hoje eu nao sei quem sou.
Hoje nao posso mais nada.
Hoje ate a esperanca morreu.
Hoje pode nao ter amanha.
Hoje eu sei quem sou
Hoje posso nada
Hoje a esperanca morreu
Hoje pode ter amanha...

So que nao quero mais ver o amanha...
Eu estou desistindo.,.. nao quero mais lutar
Cansei
Estou me dando por vencida
E o que tem reconhecer a incapacidade? Estou sendo muito corajosa para isso.

Eu estou cuidando de mim.
Eu estou me amando.
Eu parei de me cobrar.

eu sou apenas eu.

Todas as respostas estao dentro de mim.







Leio essa afirmacao todos os dias nos diversos livros e murais espiritualistas. Se isso for verdade, por que a gente procura tanto ler e se informar das coisas, ja que tudo ja esta dentro. E se esta aqui dentro, como vou ter acesso a essas informacoes no mundo louco velozmente alucidado de hoje? Por que tenho que ver, ouvir e conhecer tanto, e sobre coisas que nunca vou precisar, usar, e realmente ter necessidade de saber.

Agora mesmo me interessa resgatar a minha identidade. Por que quero saber quem sou? Eu sei quem sou. Talvez eu queira me auto afirmar e me auto reconhecer por que nao bate o que eu sou com o que os outros reconhecem... isso sim, pois eu vivo numa sociedade que nao se interessa pelo que o outro é. Cada um se interessa pelo que quer, pelo que gosta, pelo que faz, e espera ser reconhecido por isso. Quando nao vem o reconhecimento esperado, ai comecam os conflitos interiores. Epa, ninguem esta me reconhecendo como eu sou. Eu nao sou uma pessoa interessante para os outros. Eu nao quero viver sozinha. Isso talvez seja mais verdade do que a busca por si mesmo. Nao precisamos buscar a nos mesmo. Nos ja estamos conosco e ja nos conhecemos. O que realmente quero e o meu reconhecimento. Eu quero o direito de ser reconhecida pelo que sou diante da sociedade onde vivo.

E se todos desejam a mesma coisa, por que isso nao acontece naturalmente?

Porque  existem aqueles que OBRIGAM, por causa do PODER, aos demais serem como eles desejam que sejam... alienados, domesticados, ADESTRADOS.

Ja se cogitou a ideia de como é dificil ADESTRAR a raca dos homens filhos de Adao? Acho que os que PODEM sabem disso normalmente. 

Quem esta interessado em ter o seu espaco ENCOLHIDO para ACOLHER o outro? – entao vemos tantos conflitos dentro do casamento. A Paixao termina, o sexo vira rotina, o amor... esse salta a janela quando falta o dinheiro. Entao tudo vai ficando encolhido e o SER ESCOLHIDO, vai engolindo o espaco do OUTRO identificando NORMAS DE PODER. O que antes era acolhimento, vai virando gradativamente encolhimento ate o ENCOLHIDO explodir necessitando do seu natural espaco e ocorre a EXPLOSAO, pois o saco enche demais, estica demais a paciencia, o limite estoura e atinge tudo no seu RAIO DE ACAO: lei da fisica.

Como é dificil ser RECONHECIDO pelo que se é!
Como é dificil ser ACEITO pelo que se é!
Como é dificil ser RECOLHECIDO E ACEITO como se é realmente!

E para controlar, ADESTRAR a raca dos homens filhos de Adao, criaram-se as regra, pelos proprios filhos de Adao, para que os CAINs deixassem de matar os ABELs.
Triste esperanca, de alguns filhos de Adao. A matanca continua. A falta de aceitacao continua. O saco continua enchendo. E quando explode, muitos mais morrem; vejam-se as guerras.O poder nao consegue adestrar os filhos de Adao. E quando a alienacao e o adestramento estava quase terminado, aparece um diferente, chamado de LOUCO, PROFETA, ARTISTA, FILOSOFO, ESCRITOR.... Algum que descobre as regras do adestramento e comunica aos demais... REVOLUCAO!
Pronto, tem que recomecar o adestramento com mais sutileza, inteligencia,... o dominador é inteligente.
Os demais tambem, ... choques, revolucoes, guerras, ...
Eu só quero ser reconhecida e aceita pelo grupo como sou realmente. Ate aceito encolher um pouco meus limites para que voce fique do meu lado, mas primeiro quero saber seus limites.
Ninguem confia em ninguem...
“Coracao do outro é terra que ninguem pisa”: dizia minha avo. Pisa sim, o coracao é pisado, pisoteado, esmagado, ignorado, so nao pode ser arrancado. A dor fica, e domora muito a passar.



Eu sempre fui muito dificil de adestrar: sou rebelde.
Eu aceito o adestramento: sou humilde.
Eu quero adestrar os outros: sou poderosa.
Eu nao me interesso por ninguem, nem por mim mesma: sou alienada.
Eu nao aceito o adestramento e ainda grito isso para os demais, na esperanca dos outros tambem se revoltarem contra isso: sou LOUCA!^
É isso. Realmente as verdades estao aqui dentro de mim.

Porem, raras vezes eu me dou o tempo e o trabalho de expo-las para os que nao se interessam por elas. Sao minhas verdades nao aceitas e nao reconhecidas. 


Obrigado por ter lido ate aqui. deixe seu comentario, isso sera muito importante para o meu auto-reconhecimento.

Francy