segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

A LUZ DA MINHA VIDA




Estando eu morto, sem rumo, sem destino, no escuro, voce chegou.
Voce chegou num dia de chuva fria, sem sol, com vento cortante.  Eu tinha decido andar, so andar, andar so. Sabia que ia enfrentar o frio da manhã gélida de dezembro. Eu queria pensar, pensar que tinha terminado um sonho, eu tinha conseguido em doze dias escrever um livro.  Eu estava triste, por que o final do meu livro tambem foi triste, por que foi real. Eu não fantasiei, eu realisticamente realizei. 
Hoje é o ultimo dia do ano, e la fora, fogos initerruptamente são ouvidos. Eu estou meio embriagado e voce sorrir de mim. Diz para eu parar de criancice, eu não sei se esta escrito corretamente! Até de óculos eu não estou vendo bem.
Voce, chegou, desceu do carro e o motorista lhe acompanhou comigo ate a outra esquina, quando ele se despediu e disse que iria voltar pois nao podia se demomar. Havia outros afazeres a serem executados. E voce segurou no meu braço e disse que tinha vindo para ficar. Eu apenas sorri, pois não acreditava que fosse verdade.
E voce andou comigo, acompanhou meu passo, até o fim. E depois foi embora, feliz, me deixando cheio de duvidas.
No dia seguinte voce voltou e disse que agora estaria do meu lado. Não me deixaria mais!
Eu desisti de registir a voce. Eu simplesmente me entreguei. Eu simplemente assumi que nosso amor ja vem de longos tempos e ja nos conhecemos sem necessidade de apresentações.
Hoje, voce esta comigo, ontem, antes, e na semana anterior... e minha vida esta alegre, cheia de luz. Sou luz iluminou meu mundo e me deu novas esperanças de vida, de felicidade.
Minha amada, eu tinha certeza que um dia a gente se encontraria, contudo não sabia quando.
Estou lhe dizendo que te amo. Eu te amo. Voce transformou minha vida isolida em algo bom, algo que vale a pena viver, mesmo na imaterialidade da certeza.
Minha amada, voce me devolveu a alegria e o sorriso. 
Meu amor, voce me descobriu um menino. Voce me descobriu um novo homem.
Minha amada, voce conseguiu ver o invisivel, voce conseguiu ver o meu coração, a minha alma. 
Minha querida, es hoje mais do que uma amiga fiel, es minha companheira e estas aqui gentilmente balançando a cabeça reprovando esse cara meio embriagado que esta lhe escrevendo uma declaração de amor.
Que nesse novo ano, do calendario cristão, possamos realizar muitos sonhos juntos,  sorrir, brincar, fazer novamente a janta juntos, e no final, novamente assistir da janela a queima de fogos ao som das valsas de Strauss. Viena esta na nossa vida. Viena esta no nosso futuro.
Não estou mais sozinho. Não tenho mais vontade de perambular pelas ruas tristes desta cidade. Eu tenho um motivo para estar em casa. Eu tenho um motivo para andar as margens do danubio. Eu tenho um motivo para viver e um motivo por quem morrer.
Deixei de ser triste. A luz da minha vida extinguiu toda escuridão e tristeza.
Eu te amo. Eu te amarei. Eu te amei. Es minha alma gemea. Es minha companheira. Es minha amiga. Es meu amor.
31.dezember.2012, as 21h48mim, em Viena, Austria.




quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

O Jardim






Meu amor,

quero marcar um encontro neste jardim. Eu nao sei onde ele fica, mas que seja em qualquer lugar encantado.
Sentaremos no banco de onde foi tirada a foto e ficaremos quietos, um tempo, ouvindo o murmurio da cachoeira. Sentindo o cheiro do verde e do vento. Admirando o ceu e as flores!
Depois comecaremos a conversar e durante este papo sem grandes pretencoes vamos descobrir o que podemos fazer juntos tao bem e tao perfeito quanto nosso amor.
Tracaremos planos, projetos; sonharemos de olhos abertos e veremos na tela das nuvens nossas realizacoes se materializando no futuro.
Sorriremos da criancice e continuaremos sonhando.
E o tempo vai nos mostrar que um dia estaremos novamente sentados neste mesmo banco, neste mesmo jardim, ja um pouco modificados, nos tres... eu, voce e o jardim vivemos e o tempo mostra nas nossas rugas, nos musgos toda sua passagem. Entao vamos olhar as nuvens e veremos nossos sonhos realizados.
Vira a calma, a paz e estaremos de maos dadas, assim como estivemos durante todas as tempestades passadas.
Vira a vontade de sonhar novamente. E sonharemos. 
E realizaremos nossos sonhos.
Tudo junto.
Nossa forca é nossa alianca baseada no amor, carinho e compreensao.
A materia voltara a materia e nos dois continuaremos de maos dadas sonhando e construindo nosso futuro.
Quero marcar um encontro com voce, neste jardim.
Voce e eu somos um so.
Agora so falta o jardim!

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Malteck





A Solidão é a minha companheira.
O Silencio, o meu grito.
A caminhada, o meu destino!
A Rejeição, o meu sorriso. 
Meu desejo: seja Feliz!
Não te importunarei mais.

Sou o que eu sou.
Sou eu mesmo.

Faço das palavras meus planos;
Faço dos meus escritos, minha historia;
Faço das minhas ações, a minha herança.
Só minha. 

Sou assim.
Sou feliz!

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

UMA CEARENSE E A NEVE


 

 
 
 
Há tres dias tem nevado em Viena. Uma mistura de neve, granizo e chuva, devido ao calor da cidade.

Entretanto, hoje, justo numa segunda feira, a neve cai com mais intensidade, logo cedo no caminho da escola.

Vou enfrentanto aqueles flocos flutuantes ate o ponto do bonde e depois ate a escola!

Uau!

Quando neva nao é tao frio. O frio vem depois, quando o sapato fica molhado por cima e a gente comeca a sentir que o pé esta dentro de um congelador, pois as botas normalmente mantem a temperatura do pé, seja ela qual for.

Ver a neve, sentir a neve, sempre foi um sonho, muitas vezes dispensado, deixado de ser pensado, para uma cearense; entretanto agora eu estou aqui, sentindo e vivendo o cotidiano do inverno vienense.

A neve é linda! Principalmente nas fotos e nos cartoes postais. Conviver com a neve é que é dificil!

Acordar seis da manha e olhar pela janela e perceber que ainda é noite escura. Ver o chao branquinho e saber que la fora tá um frio daqueles, da vontade de voltar para debaixo da coberta e nao sair até o sol dar o ar da sua graca.

A responsabilidade nos chama e la vamos nos! Meias quentes, botas de inverno, gorro, cachecol, casaco, luvas e no final ainda jogamos por cima toda a bagagem da bolsa, pois o dia será normal, com direito a compras, escola, trabalho, correria… quer dizer, patinacao pelas calcadas, umas com sal e outras com pedrinhas.

Sinceramente nao sei qual a pior. O sal acaba os sapatos e as pedrinhas ficam entravadas nos sulcos das solas… brrrrrrrr, aquela sensacao de arrepio interno! Esfrego o pe na intensao de tirar uma e entra dez! Vale um palavrao bem alto para relaxar!

Outra vantagem! Os passantes podem ate imaginar que se trata de um chingamento, mas nao vao entender… adoro!

A neve, quando cai no rosto, arde, ate ficarmos com as bochechas e o nariz gelado! Entao o nariz comeca a escorrer e haja lencinho de papel! E a falta de tato? É um tal de bota e tira luva que nao aguento. Todo inverno rasgo no minimo uma. Quando nao jogo fora por nao cumprir a contento seu papel: esquentar minhas maos!

As criancas parecem uns pinguins ou um pacote bem feito! Isso dá um trabalho! E quando temos aqueles pirralhos teimosos, o meu por exemplo, que nao gosta de gorro, cachecou e luva?! Enlouqueco pensando no resfriado!

Mesmo diante de tudo isso, adoro a neve!

Sabe aquele amor, aquela imensa paixao que me deixa exitada, feliz, so em saber: está nevando! Corro para a janela e fico ali, hipinotisada pelo baile dos flocos. Eles nao caem igual às gotas d’agua, eles flutuam até tocar o solo. Parecem dancar valsa. A suavidade com que pousam em nos é verdadeiramente impressionante. Eles nao querem nos incomodar.

E vao deixando tudo branquinho.

E nao se incomodam em derreterem imediatamente quando tocam o asfalto, aquecido pelos veículos. Os que caem nas calcadas sao pisoteados pelos passos rapidos e costumeiro dos vienenses.

Os telhados vao ficando brancos.

Os bancos vao ficando brancos.

Os jardins, ja preparados, e o gramado… tudo vai ficando imaculadamente branco. Um branco que nao agride aos olhos quando o sol aparece.

Para uma cearense, acostumada com sol, calor e sal, so me restou o sal!

Nao tem problema.

Fico no ponto do bonde olhando para o ceu de boca aberta, tentando que os flocos caiam na minha boca! Pareco uma maluca….

E as pessoas que testemunham isso nao entendem que, para o inverno, sou uma crianca de quatro anos, curiosa de novas esperiencias, feliz por brincar com aquele gelado, motivo de alegria, pois somos muito gratos pela água!

A neve é uma festa para as criancas mas poucos adultos se lembram de brincar. Estao muito ocupados e, afinal, ja sao adultos, preocupados, estressados, responsaveis, apressados, trabalhadores. Os velhos ja viram tudo, estao cansados, nada mais lhes admira!

Quem disse que ser adulto é sinonimo de ser chato? Quem disse que velhice é sinonimo de falta de admiracao pelo mundo!

Entao continuo com meus cinco anos de idade mental no inverno. Continuo preferindo pisar nas montanhas de neve, mesmo correndo o risco de encontrar um bombinha de cachorro, do que correr pelas calcadas salgadas ou empedradas.

Adoro fazer bolinhas de neve e jogar neles, que ficam logo aborrecidos. Entao nao sei quem é mais „adulto“!

Se tivermos bastante neve vou fazer estrelinha neste inverno! Devidamente acompanhada de um „adulto“ para ajudar a me levantar depois. Risos. É o que  mais tenho para oferecer no inverno.

Mantenho meus cinco anos de idade, sob os protestos dos meus filhos, inclusive o mais novo, que nao entende minha alegria de viver assim, com a inocencia e a curiosidade, apaixonada pelo desconhecido, mesmo que este desconhecido esteja sempre presente.

Hoje é um dia todinho novo. Entao é desconhecido. E me trouxe neve, muita neve.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

MAFIA


Tenho tido muito tempo para refletir. Pensar demais tambem faz mal, principalmente quando se entra num ciclo vicioso. Entao decidi ler. Leio tudo que me cai às mäos.

Hoje foi o dia de ler um artigo pequenino, do meio do jornal, sobre os pedintes.

Isso mesmo! A turma da esmola!

Nao que eu parec'a cruel, mas aqui nao é um país que o povo tenha costume de dar esmolas nas ruas. A cultura daqui tende a fazer doac'öes para organizac'öes que trabalhem em prol do combate à pobreza, ajuda a doentes, deficientes, velhinhos, miséria em outros países, etc. A doac'äo privada, para uma única pessoa que esta ali, de mäo estendida, é incomum e vista sem piedade.

Nos correios, nos bancos, encontramos boletos já preenchidos como incentivo às doac'öes. E nos intervalos da tv para propaganda, nunca vi "compre isso, compre aquilo", mas já vi muitas de incentivo à doac'öes para diversas causas.

Voltando à turma da esmola.

O artigo falava que moradores de um predio estavam reclamando do entra-e-sai de muitas pessoas, muitas roupas estendidas, estranhando o excesso diante da quantidade de moradores fixos. A policia ja havia ido por la, e os desconhecidos haviam „desaparecido“ por um tempo e agora „reapareceram“!

Aqui é chamada MAFIA DOS PEDINTES!

Nao quero falar dos pedintes, pois a pobreza existe em todos os lugares. Aqui tambem existem pobres, considerados pelo sistema como quem ganha abaixo de oitenta por cento do salario minimo, que atualmente chega a mil cento e sessenta euros.

Eu sou pobre. Eu ganho muito menos do que isso.

Quero falar sobre a palavra, termo, significado: máfia.

Comec'o pelo espírito de conquista, busca da riquesa, luta pelo poder, tudo isso bem executado durante a idade antiga até que os reinos, imperios, nascidos, crescidos, caidos, e existentes que desenvolveram suas guerras: busca da riqueza e do poder. Principalmente do poder, aquele que conquista e escraviza!

Todo poder escraviza os dois lados, quem está no poder e quem é oprimido pelo poder.

Depois veio a usura! Combatida pela igreja catolica na idade media quando estava no poder na europa, conquistando os reinos em nome do salvador!

Em nome da liberdade, chegamos a revolucao francesa e a restauracao da democracia, com sua modernizacao e adesao da riquesa aos … bancos!

Usura?! Lembram da idade média, quando se emprestava dinheiro a juros?

Quem estava no poder viu que seria mais uma forma de adquirir e reter a riqueza, pois a riqueza é necessaria para se manter no poder e combater aqueles que tambem a buscam.

O motivo é sempre o mesmo: PODER

Sugiu o termo cartel!

Cartel, ricos que se juntam para aumentarem a riqueza e terem forca para combater os outros ricos, pela sua parcela de Poder.

Contudo o cartel envolve aqueles que fazem parte do sistema, do governo, os que ja escravizam o grosso da populacao, chamado indistintamente de POVO!

Para aqueles que fazem parte do povo, que tambem se juntam, inicialmente por lacos familiares, modelo europeu, entretanto se rebelam contra o sistema de conquista da riqueza direcionado apenas para aqueles que estao no poder de governo, de mando, e que nada retornampara o povo, e no qual nao podem se incerir, na grande maioria das vezes exatamente por sua origem familiar, foi criado um sistema paralelo chamado de Mafia! Altamente combatido pelo sistema institucionalizado denominado Governo.

Pulando para nosso século, eu chamaria de marfia, cartel, usura… tudo que na verdade é a mesma coisa:_ grupo ou grupos de humanos mantendo outros humanos, em maior numero, sob suas regras de serventia! Säo poucos que mantem o controle de muitos. A maioria trabalhadora e geradora daquela riqueza... para poucos usufluirem!

O que é o governo?

O que é a empresa?

E o que é Multinacional?
O que é o sistema bancario?

Outro dia li que toda riqueza do Planeta, pasmem, do planeta!- se encontra sob o comando de um grupo de empresas, no numero de 37 super empresas que se entrelacam se apoiam apesar de parecerem diferentes!

Imaginaram o poder que tem o grupo de humanos que controlam estas empresas?

Cheguei a grande Mafia! Ao controle central, onde governantes se ajoelham e rezam sob suas orientacoes. Onde se determinam o destino de nacoes, milhoes de pessoas… e contra o qual nos pobres mortais trabalhadores, somos apenas um numero, positivo, se pagamos impostos e colaboramos com nossa forca de trabalho para alimentar o sistema, ou negativo, se nao trabalhamos e de alguma forma devemos ser mantidos vivos.
Quando conveniente, se formentam as guerras, onde numeros negativos e infelizmente positivos sao destruidos, mas os valores financeiros tornam os fabricantes de armas satisfeitos e a riqueza continuará fluindo para o mesmo buraco negro.

Cheguei ao DEUS DOS HOMENS!???

"Todos os rios correm para o mar".
Quando desaguam num lago, temos a marfia combatida pelo sistema!

Nao complique!

Foi o diabo que criou a complicac'äo.

E nem venha me dizer que um é legal e o outro nao. A diferenca só esta no sistema e nos metodos utilizados... mas vou deixar os metodos para outro dia.

Deus é simples!


Copiou?


Viena, 2012

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

FLOCOS DE NEVE






Uma segunda-feira normal. Acordo no mesmo horario e vou deixar o filhote na escola. Na volta, sentada à janela, percebo algumas particulas brancas flutuando ao vento.
Percebo que está comecando a nevar. O vento vai ficando mais forte e os flocos vao caindo descompassadamente, em todas as direcoes.
Uma chuva de pequenos flocos inicia-se.
O trafego continua intenso naquele horario da manha.
Lembro de como minha cidade se torna um caos quando comeca a chover. Imaginei a neve caindo em Fortaleza, com aqueles buracos, aquelas ruas de calcamento e muitas sem pavimentacao. Seria o caos do caos.
A vida aqui nao é tao facil quanto se imagina. Aqueles cartoes postais, onde a paisagem é toda branquinha, neve aos metros, arvores com galhos brancos e estradas limpinhas... isso dá um trabalho! Tirar toda neve das estradas é um trabalho para um trator especial. Nas cidades, carros com uma pa facilita o transito nas ruas, quando o inverno se torna mais intenso. Nas residencias sao os proprietarios responsaveis para limpar as calcadas. Sem contar naquelas pedrinhas que se joga nas calcadas pra nao escorregar e o sal... ahhh o bendito sal que ja me fez perder algumas botas e tenis! E em cada entrada de apartamento aquela calamidade de tapete sujo, botas molhadas - pois a neve derrete e deixa aquele rastro de sujeira - casacos, cachecois, tocas... de todos da familia e das visitas!
Nao temos, aqui em Viena, as enchentes que temos em Fortaleza, contudo, andar pelas ruas com neve, que branca só quando cai, transformando-se imediatamente em marron e virando uma lama gelada e escorregadia. Nao é tao lindo como no cartao postal.
E para atravessar as ruas... o cuidado de nao escorregar, mesmo com botas nativas e feitas para evitar as quedas, que sao perigosas, da a sensacao que voce está andando sobre aquele barro liso e grudento.
Lembro como fiquei feliz no primeiro dia que vi a neve cair... e depois fui brincar de guerra de bolinhas de neve, como via nos filmes... mas esqueceram de me contar que a neve queima, racha a pele, e depois quando voce entra com a mao gelada para o ambiente quente, dói; aquela dor nos ossos, pois a gente nao tem ainda o tato, por estar com os dedos congelados.
E o joelho? Como doi tambem... pois é o mais desprotegido, mais exposto, pois por mais agasalho que se coloque, os joelhos precisam ficar mais livres para o movimento de andas, saltar aquelas faixas de gelo que se forma entre a calcada e a rua, subir e descer escadas - e como tem escadas nesta cidade! - no metro, nos edificios, nas reparticoes publicas... até eu encontrar os elevadores fiz pilates obrigatoriamente.
Agora ja mais acostumada e com o olhar familiarizado com os esconderijos dos elevadores, normalmente usados pelas maes com carrinhos de bebe e senhores idosos, parei mais de subir e descer dois ou tres andares em cada predio.
Lembrando agora, o elevador do meu predio estava parado hoje pela manha! Foram cinco andares de escada, que ao chegar no solo estava tonta de descer rodando... sabe aquelas escadas redondas, lindas, dos filmes da época de ouro de Hollywood! É descer numa escadaria redonda, nao é para aqueles que sofrem de labirintite.
Os flocos foram ficando maiores e por alguns minutos tudo ficou branquinho, com aquela camada fina sobre os carros, telhados, cercas e arvores. Nas calcadas os caminhos foram logo definidos pelos pes apressados.
Durou pouco tempo. Ficou so vento frio, gelando a ponta do nariz, as oralhas e os dedos. Esqueci... o joelho, abaixo do manto... precisando se movimentar de qualquer jeito, com frio ou nao... ando mais rapido para que ele nao sofra tanto. Esqueta um pouco com o movimento.
Ainda bem que os transportes chegam entre tres e cinco minutos, quando nao se está cronometrado com o sistema e é descer de um e subir em outro. Zag, zag!
No inverno este sistema torna nossa vida mais aquecida e nos bondes os vagoes antigos sao os mais procurados pois sem um sistema de aquecimento grotesco e eficiente! Alguns nao gostam de se sentar em cima do aquecedor, hehehehe, ficar com o popo quentinho, quentinho... mas outros adoram.
Meus flocos de neve se foram. Meu sonho de ver tudo branquinho foi adiado para quando a natureza nos fizer presente novamente. Espero que na noite de natal.
O tenue sol de final de outono nos dá o ar de sua graca e aquela camada vai derretendo, escorrendo, sumindo...

Cheguei!
Vou trabalhar!

sábado, 1 de dezembro de 2012

FOLHAS AO VENTO






O verao teima por nao deixar espaco para o outono. Ja estamos em outubro e o calor é de matar.
Gosto do frio.
Hoje estou em casa, com meu pequeno que ja chegou da creche e agora assiste televisao enquanto preparo nosso almoco. Um dia normal, de pessoas normais, numa semana normal, numa vida normal.
Depois do almoco, aproveitei para fumar no meu lugar preferido: a janela.
O vento frio chegou do noroeste provocou um baile de folhas secas que subem e pulam sobre o predio onde moro. Fico ali, facinada pelo espetaculo.
Fixo minha observacao em uma unica folha: ela sube, desce, roda, vem em direcao a minha janela, volta para a direita, cai; flutua novamente e parece valsar ao som de alguma obra de Strauss. Pena que nao ha a possibilidade de colocar uma musica de fundo neste bale da folha, somente o som das proprias folhas sendo levadas, reviradas, embaralhadas pelo vento.
A minha escolhida vem novamente em minha direcao. Estendo a mao infantilmente para toca-la, na intencao de te-la comigo, porem ela se vai, subindo, subindo, e para me satisfazer e em sinal de despedida, faz mais uma volta em torno de si mesma e se erge acima dos telhados, das chamines, voa por cima de tudo e desaparece do meu raio de visao seguindo sua viagem sem volta.
(...)
Faz tempo que o cigarro terminou e eu fiquei aqui divagando... olhando as folhas em seu bailado.  Espero que a neve chegue logo. Acho lindo quando tudo fica branquinho e o sol brilha refletindo as gotas de agua congeladas. Sao bilhoes de brilhantes ali, espalhados pelo chao. Preciosas gotas de agua, agua da vida, que em pequeninos flocos caem do ceu e puras, imaculadas, transformam os parques, as casas, e ruas... com uma aura de brancura.
Contudo ainda nao nevou este ano. Ainda esta tudo cinza e as vezes chove. O inverno ainda nao chegou.
Ainda tenho tempo para fazer mais alguma coisa.
Olhei novamente para a árvore, majestosa com seus 60 metros de altura ou mais... em sua sabedoria largou todas as folhas para sobreviver ao inverno e se fazer bonita na primavera. Ela se recolhe para o interior de sua seiva, mantem o caule a velha casca grossa, manto para o frio, trabalha suas raizes e programa seus frutos. Esta ali, naquele lugar ha quantos anos? Nao faco ideia, mais de cinquenta com certaza. Fixa suas raizes na terra e luta pela sobrevivencia, mesmo legando a propria sorte suas crias, sua beleza se larga tambem, se solta.
Aquela pequenina folha apesar de seca vai para uma viagem facinante, ver alem das fronteiras do predio onde brotou. O vento agora lhe conduz a uma aventura sem volta, pois ja nao pertence mais a arvore. Esta livre, independente, sozinha...
Com seus poucos recursos busca aproveitar ao maximo a grande aventura de voar e perceber novos horizontes.
Fazemos a mesma coisa, largamos nossos filhos... vamos deixando marcas e vamos marcados para sempre... em busca de uma primavera, de um renascimento, de renovacao.
Lagamos o caminho seguro, certo, conhecido e nos jogamos nas incertezas da nova trilha. Uma aventura, a grande aventura de viver.
Estou aqui, olhando a vida atraves desta janela, olhando para minha vida, para o meu passado, para o meu futuro. Nenhum dos dois me interessa mais. Eu quero viver o meu presente. Eu quero viver como aquela folha, ao sabor do vento, subindo, rodopiando, bailando ate encontrar novamente o meu chao, ... e quando isso acontecer será para sempre. Estarei morta.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

O segredo da Raca Humana

A cada inicio de ciclo temos revoltas, guerras, catastrofes naturais e a pressao sobre as pessoas aumanta, até todos estarem envolvidos em algum tipo de conflito.
Nossa historia é a historia de uma raca beligerante. Säo incontaveis as guerras que banharam de sangue o solo do planeta. E o resultado é sempre o mesmo: haverá um vencedor!
Alguém vai manipular os fatos ao seu favor.
Entao nossa historia sempre foi contada pelos vencedores das guerras! Fato que algum tempo depois vai surgindo lentamente a sua historia de selvageria. Numa guerra, todos sao iguais.
Durante algum tempo, quem perdeu virou o "ruim, o mal" da questao... depois aparecem outros fatos... e todos sao iguais.
Somos de uma raca que sempre lutou pelo Poder, da menor à maior escala, apesar de só sermos felizes isoladamente, dentro de nos mesmos.
Sinto muito, mas ninguem pode esquecer que onde hoje nasce flores, em algum dia o solo foi alimentado com sangue humano.
Poucos se esforcaram para cultivar realmente a bondade, a caridade, a convivencia harmoniosa. Poucos conseguiram e hoje sao onsiderados os verdadeiros vencedores da guránde guerra: vencer a si mesmo!
Quando vejo nos jornais que mais uma guerra explodiu... e onde? - No me4smo lugar e entre o mesmo povo - o povo vitima, aquele que sempre é perseguido por ser o "povo de Deus", ou será que é o povo que virou deuses. E seu inimigo sempre é outro Deus, outro povo que se considera "povo escolhido para ser Deus.
 
Näo acredito nesse Deus dos homens. Näo acredito que alguém possa se considerar melhor que outro, seu igual,.
 
Nessa luta pelo título de melhor, de "Escolhido de Deus", de raca pura, de raca divina, etc... encontramos que o sangue que corre nas veias de todos é vermelho, dos dois lados, a carne é igualmente rasgada e exposta e os ossos dos esqueletos mostram a igualdade da especie.
 
Talvez seja por isso tambem que nossa raca possui tantos idiomas, formas diferentes para dizer a mesma coisa. Os ritimos, dancas, comidas, tem a mesma origem, sao semelhantes as formas de cozimento, confeccao, exposicao, exibicao,... os materiais sao os mesmos, so variando a localizacäo de sua fonte.
 
COSTUMES? TERRITORIO? DECEDENCIA? ACENDENCIA? ORIGEM?
 
Todos somos do mesmo planeta, feitos atraves do ato sexual entre o macho e a femea (o resto é artificial, embora funcione), gerados pelo utero, seria pleonasmo de colocasse feminino?, expulsos pelo canal vaginal para nascermos( quando o parto é normal)! Todos choramos ao nascer para encher os pulmoes de ar e nao interessa nesse momento, da vida, qual a cor, o sexo, a religiao, ou o idioma que o bebe ira aprender. Em todo planeta se procede igualmente.
Todos urinamos, defecamos! Dormimos e nos alimentamos de produtos oriundos do planeta.
E o liquido mais precioso para todos é a água doce, potavel, utilizada em tudo que fazemos e principalmente para beber... viver.
 
Entao porque procurar ser o melhor! Melhor em que?
E para que ser o Melhor?
 
Somos todos iguais e na convivencia harmoniosa todos poderíamos estar vivendo num paraíso.
 
Esquecam a concorrencia!
Deixem o falso Poder de lado... Poder escravizar seus iguais?
Enterrem essa ideia de ser o melhor! - Se somos iguais!
 
Nascer e morrer sao momentos únicos e solitarios. Individuais- é tudo que temos.
Durante a vida ... convivemos... vivemos com os outros... vivemos em sociedade, comunidade.
 
O grande segredo da Humanidade é descobrir como CONVIVER EM HARMONIA!

 
 
 
 
 

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Novamente voce!




Novamente voce!

 

 Quantos sonhos vivemos juntos? Quantos planos eu tinha, e na minha felicidade, encantado, nao vi que voce tinha outros planos. E que nestes planos eu nao me encontrava do seu lado. Nao fui capaz de perceber o quanto era fragil a nossa relacao. Nao pude perceber quanto era fragil o amor que voce tinha, ou se tinha. Hoje acho ate que voce so amava a voce mesma, eu fui apenas o otario util para dar algum impulso em sua vida e quando a minha vida tomou novos rumos, voce pulou fora, sem nenhuma dor de consciencia e sem avisar.

Nos meus delirios voce estaria junto a mim. Nos meus delirios voce estava vindo por que tambem estava disposta a sonhar comigo, reiniciar uma nova vida, enfrentando todas as dificuldades, mas ficariamos juntos.

Ledo engano!

Voce nem avisou que ia pular fora do barco.

Voce nem me deu a chance de optar se continuava neste caminho sozinho ou se regressava, reavaliava planos e minha vida: sem voce.

Entao voce decidiu a vida do otario inutil!
Voce largou o otario inutil numa Sackgasse, num beco sem saida.

Voce decidiu deixar que meus sonhos se transformassem em pesadelo. E vivi o pesadelo que voce me legou. Amarguei todo odio, por mim e por voce; chorei todas as lagrimas por nos dois. Destrui todas as ilusoes de nossa vida em comum!


Mas eu nao sou otario, e muito menos inutil. Eu posso agora rever minha vida, redirecionar meus planos e meu futuro, apesar de todos os impedimentos, de todas as dificuldades. Eu sou capaz de rever minha vida. Afinal, é a minha vida, sem voce, sem suas ideias, sem suas dificuldades e sem suas facilidades.

Aquele coracao que ficou encantado por voce, recuperou-se, cicatrizou; ja nao sangra mais.

Eu vou ver uma saida para esta estrada, eu vou voltar atras. E isso que se faz quando se entra num beco sem saida, volta-se atras, ate a ultima via de acesso.

No meu carro existe macha à ré! E nao foi por orgulho que fiquei aqui ate agora. Foi para me curar da ferida sangrenta que sua punhalada provocou.

Sangrou, sangrou durante muito tempo.

Respirei fundo… sobrevivi!

 

Todo esse tempo foi o necessario para que eu pudesse me restabelecer de tao profundo golpe em minha alma, em minha confianca, em meu coracao.

Estudei, li, aprendi que no perdao tudo se cura. E te perdoei. E me perdoei. Quem nunca se fez de idiota inutil por amor?

Eu estou recuando agora, para a via de saida.

Respiro aliviado.

Nao vou ficar aqui, num beco sem saida, com inumeros outros companheiros que aguardam uma solucao para o problema da vida, quando a grande solucao esta dentro de nos mesmos.

Eu tenho a solucao para mim. Eu sei que ela esta em algum lugar. Estou retornando.

Vou reencontrar minha estrada. Vou reencontrar minha estrada.

E o melhor disso tudo: voce NAO vai estar do meu lado. Voce nao vai influenciar minhas ideias e muito menos meus horizontes nao vao se encher de nuvens negras por sua causa. Voce NAO estara do meu lado. E isso é muito bom!

Eu reaprendi a sorri. Eu reaprendi a andar. Eu reaprendi a ser feliz, comigo mesmo.

A forca sempre foi minha, e eu nem percebia isso. Foi preciso me destruir para aprender a me construir, reconstruir e continuar, nao de onde parei, nao de onde voce me deixou, mas de longo caminho adiante, quando recolhi o ultimo pedaco do meu coracao espatifado pela estrada da vida.
Reconheco que sofri por amor ate hoje. Reconheco que talvez tenha sofrido mais no meu orgulho ferido por ter sido abandonado, do que mesmo por que voce foi embora. Nao nego que tambem sou sacana, senao nao estaria vivendo neste mundo, né meu amor!

...
 
Eu posso ate voltar a ser um otario. Eu so nunca mais serei inutil ou util para ninguem, como fui pra voce. Eu sou apenas eu e o otario aqui será util a ele mesmo.

Sinto muito.

Eu sobrevivi.

Demorou, mas sobrevivi!

 
E sabe por que demorou? Porque eu te amei de verdade. Porque somente eu te amei. E foi muito dificil curar o ferimento que tua traicao provocou no meu coracao.

Tive que cauterizar cada segmento, cada arteria, cada vaso sanguineo ate o fim.

Eu nunca mais quero beijar tua boca. Eu nunca mais quero sonhar com voce, e nunca mais me interessae em saber se voce vai bem ou nao. Espero ate que estejas muito feliz! Ficarei triste se voce continuar a procurar por otarios uteis.

Porem, estarei feliz, pois aprendi com voce como se torna um otario util. E agora estou mais forte e se incorrer no erro novamente, vai ser por burrice mesmo. Entao serei um otario realmente e tomara que seja util, pois um otario inutil é decepcionante!

Estou preparado para novos desafios, estou preparado para novos sonhos, e ate novos amores.

Estou pronto.

Vou dar marcha à ré e sair desse beco sem saída.

Adeus é uma palavra muito forte.

Moramos no mesmo universo e podemos ate nos encontrarmos algum dia, e por isso mesmo nao vou dizer adeus.

Até qualquer dia desses, entao.


quarta-feira, 13 de junho de 2012

Pé-de-Moleque








Junho. Mes das quadrilhas! Santo Antonio, Sao Joao e Sao Pedro!
Bolo de milho, cangica, pe-de-moleque,...
Sabores da minha infancia. Sabores do interior do Ceara, da querida terrinha, onde se pula, danca, brinca, corre, toma banho de lagoa, de riacho, de rio, de mar, de chuva...
Pé-de-Moleque, escurinho, dentro da palha da bananeira... daquela toceira que fica logo ali, no rego de agua que sai da pia da cozinha. Nunca falta água pra bananeira. E foi justo ali que nasceu aquele pe de tomate frondoso, que a mae vai catar um tomate bem maduro pra temperar a panela do frango... aquele curijó... almoco do domingo!
Pé-de-Moleque, temperado com erva doce que o moleque foi correndo comprar na venda do tio Jarbas.
Pé-de-Moleque, enfeitado de castanha de caju, daquelas que o moleque ajudou o pai a juntar debaixo do cajueiral, assou na palha do coqueiro, o mesmo coqueiro do qual a mae quebrou o coco para temperar a tapioca de manha bem cedo. Castanha inteira é pra venda, quebrada ou murcha é pra boca... do moleque. 
“Ah! Se se quebrar bem muita!”- sonha o muleque enquanto vai tirando o miolo da castanha quente e ficando com os dedos escurecidos, igualzinho ao seu pe, ali sentado ao lado da mae e da irma, debaixo do cajueiro “da cozinha”, onde corre mais vento, um ventinho fresco da tarde... 
Ta escurecendo, a mae levanta e diz que vai passar um cafe fresquinho. Aquele torrado no tacho, pisado no pilao e cuado no saco de pano de algodao. Ai que gostoso.
 Cafe quentinho e tapioca com coco!- tambem bem cedinho... e o cheirinho da tapica que a mae assa e poe no pau, pra ficar durinha, crocante igual a biscoito.
Assim o moleque tem forca de correr o dia todo... vai pra escola de bicicleta e no recreio joga bola com a molecada, tudo parente e amigo, primo, filho do padrinho, primo do primo do pai, da mae, ... uma familia grande...
Pe-de-Moleque, gostoso torrado no forno da casa de farinha... pelo tio Manoel, que faz os melhores da cidade! Ele tambem é o melhor pra torrar a farinha, o melhor forneiro da regiao. O moleque ajuda o tio quando ele deixa.... torrar farinha é trabalho de responsabilidade. Tem que saber o ponto certo pra nao deixar a farinha crua nem queimada. E o moleque fica ali, aprendendo o ponto certo... quando cansa, corre e vai brincar de piao ou de bila com os primos. Farinhada é uma festa.
No final de semana, quando o pai nao grita pra fazer nada, o moleque escapole cedo e vai pra lagoa. 
Lagoa cheia. 
Inverno bom. 
Fartura na porta do terreiro.
Pular da tabua, nadar ate o fundo, dar tainha na agua. Depois correr e se salguar de areia so para tirar em seguida noutra tainha.
A mae chega mais tarde com as meninas e comadres. Ficam mais no raso. 
A mae nem se preocupa com o moleque. Aprendeu a nadar ainda bebe de colo, ali mesmo nas aguas da lagoa... assim como a molequinha mais nova, que agora mesmo aprende a andar e cair sentada na beira dagua, e todos acham muita graca da bravesa da menininha. 
Cumprade Pedro vai matar um porco no sabado. Ja convidou todo mundo conhecido para a matanca... os homens vao logo de madrugadinha. A cumadre so chega mais tarde, para ajudar a prima com o sarrabulho. E a molecada fica no cajueiral do terreno, bincando. 
Os pes vai ficar escurinhos, pretinhos... da cor do bolo: Pé-de-moleque!
Da cor nossa de cada dia, pois tira o chinelo para correr e pegar o frango do almoco do domingo. Aquele curijó, grandao que ja ta querendo pegar as galinhas e briga toda hora com o galo... mae nao quer ele de reprodutor nao. 
“Vai moleque, pega o frango curijo e bota no grajal!”- grita a mae do pe da porteira da cozinha. 
E la vai o moleque, na carreira, atras do frango ligeiro, que da cada rabiada, que deixa o moleque ali no pe da moita. A mae solta a “Traira”, a cachorra da casa, pra ajudar. Sem a ajuda da Traíra o moleque nao pega o frango hoje nao... acaba escapulindo pro mato, aí... adeus!
Traíra segura o frango, mas nao fere.
O Curijó vai ficar no grajal ate domingo cedinho, pra limpar. Agora a mae vai botar so milho pra ele comer... e talvez um restinho do farelho...a sobra do balde da comida do porco... que tambem esta na engorda pro batizado da pequena... vai ser na festa da santa. A mae fez uma promessa.
Só a tardinha a mae grita: “Vai tomar banho menino, limpar esses pes e lavar a chinela! E nao vai mais pro terreiro hoje nao!”
Ja faz tempo que o pai vendeu umas sacas de castanhas e comprou a televisao com a parabolica. Mas ele so deixa assistir depois que faz o dever de casa. 
O moleque so vai fazer o dever de casa, depois que toma banho a tardinha... quando a mae grita! Nas sextas ele escapole cedo, pois a mae vai pro terco na casa da comadre e ele vai brincar de bila com os primos. 
É mais divertido do que ficar ali, sentado na frente da televisao assistindo aquelas novelas. Novelas sao para as mulheres... ele quer ser macho igual ao pai.
Mas ainda esta muito cedo pra tomar uma meiotas na budega do Chico. Entao o jeito é brincar de bila e apostar com quem vai dancar quadrinha esse ano. Ele esta pensando na prima, a Marli, filha da tia Janete. Ela ta ficando danada de bonita. 
E ele ta deixando de ser... moleque!

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Remedio para depressao?!!!!!!





Duas semanas antes eu a tinha levado para a emergencia, com dor de cabeca, enxaqueca. Eramos vizinhas e ela havia se separado ha oito meses. Estava tao abatida, vivia doente! Tinha recaídas de amores pelo ex, que diga-se de passagem era um tremendo mulherengo.
Ela nao o amava fazia tempos e estava com ele pelos filhos. Foi so terminar o curso de cabelereira, montar seu gabinete, o vagaba largou o trabalho e se alojou na melhor poltrona do salao, fiscal da mulher ou fletante das clientes... tanto fazia. Era descaradamente galinha. A casa caiu quando ela descobriu que ele desfazia os cabelos das clientes que ela penteava com tanto zelo e dedicacao. Foi o fim de uma parceria de onze anos.
Entao, apos a separacao, ela foi murchando, ficando nervosa, tendo crises de depressao cada vez mais constantes... e as dores de cabeca, que geralmente comecavam as quatro da tarde, foram se extendendo virando enxaqueca dias a fio.
Devido ao meu trabalho eu passei essas semanas viajando. Chegava em casa para trocar de roupa e dormir, viajando no dia seguinte bem cedo para outra cidade. Tempos divertidos porem cansativo.
Tirei alguns dias de folga e resolvi dar uma arrumada no cabelo. Fui ao salao da Margarida!
Ela nao estava, e sua filha mais velha que ficara para recepcionar as clientes, explicou que ela estava chegando.
Margarida chegou avorocada, como sempre, com um pequeno embrulho dentro da sacola que logo foi escondendo na ultima gaveta de sua mesa de trabalho.
“ O que é isso, mamae?”- valeu uma: “nao é da sua conta!” aspero que deixou todas nos curiosas.
Quer mexer na curiosidade de uma mulher, diga que algo é segredo. Palavra chave para comecar o interrogatorio inteligente.
Por aquela frase: Mulher tu demorou tanto... ate a pergunta se tinha muita gente no centro... nao dava muito pra desconfiar, mas o cerco foi se aproximando e a cada cliente que era despachada, Margarida suspirava: “Vai embora mais uma... estou quase conseguindo manter meu segredo intacto.”
Sai do salao de cabelo limpo, cortado, penteado e sem que minha curiosidade fosse saciada. Mas eu tinha paciencia... a noite eu voltaria. Eu tinha tempo. Aquela caixinha nao parecia ou parecia com tanta coisa... mais ou menos trinta centimetros de cumprimento, ... uma escova nova ela nao esconderia, ... um secador de cabelos.. nao,... a caixa era muito cumprida para isso. Era algo que Margarida queria manter em sigilo. Nao mostrou a aquisicao pra ninguem! Tem algo de muito estranho nisso ai.
Fiquei em colicas!
Voltei ate a roer as unhas!
Voltei ao salao minutos antes de fechar e sabia que Margarida estava sozinha.
Ela se mostrou impaciente, irritada e ... com dor de cabeca.
Perguntei discaradamente o que ela havia comprado.
“REMEDIO PARA DEPRESSAO!” foi a resposta. Disse que uma conhecida havia aconselhado e ela comprara.
Pedi a ela que se fizesse efeito ela me avisasse para eu tambem ficar sabendo, por via das duvidas... eu nao tinha tempo para depressao naquela época.
A vida retomou sua normalidade e demorei alguns meses para retornar ao salao da Margarida.
Quando cheguei mal a reconheci: um novo visual, cabelo cortado bem rente, pintado de vermelho, brincos, pulseiras... maquiagem.
Eu pensei logo: “arrajou um namorado, ou se apaixonou por alguem” – eu sabia que nao tinha voltado para o marido.
Nada! Estava sozinha e nao queria um namorado tao cedo!
Ai tinha coisa... nao pode. Margarida sempre fora tao folgosa... desde a época da escola. Nao passava muito tempo sozinha. Mas agora nao queria dar padrasto as suas filhas – tinha duas e a mais velha ja estava uma mocinha muito linda.
Convidei Margarida para fazermos um bolo juntas, na sexta a noite, pois eu queria aprender a receita dela. Ela aceitou. Caiu! Vou descobrir que misterio é esse.
Na sexta Margarida chegou toda alegre, sem dor de cabeca, bem disposta, cheirosa... para se encher de farinha de trigo, cheiro de ovos, ... trouxe umas cervejas para gente beber enquanto o bolo assava.
Foi entao que descobri. Estava totalmente curada da enxaqueca, estava cada dia mais alegre, mais segura de si mesma. Estava ate mais bonita, a pele limpinha e me garantiu que nao estava usando nenhum creme especial.
Entao, era o segredo! O tal remedio para depressao.
Realmente. Ela fez tudo conforme a outra amiga havia ensinado. Nem pensava mais na anta do ex marido. Estava satisfeita, trabalhando, sem dores de cabeca...
Enfim, que diabos de remedio miraculoso foi esse Margarida?
“Um brinquedinho que comprei no sex-shop! Esta sempre a disposicao. Satisfaz quantas vezes forem necessarias; tem suas deficiencias, mas compensa pela disponibilidade. Agora so entra um homem na minha casa se valer realmente a pena! O que ganho no salao da para viver bem com as meninas, nao tenho medo de expor minhas filhas a um homem estranho e ... bem, foi o dinheiro mais bem gasto que fiz!”
Nao suportei. Cai na gargalhada. Fiquei ali, olhando a explicacao de Margarida e me lembrando no ditado de meu pai: “Quem nao tem cao, caca que nem gato!” -  Epa, gato caca sozinho!
Cada um tem sua depressao e cada um que descubra sua própia cura.

terça-feira, 5 de junho de 2012

A rede e a convalecencia





Estive esses ultimos cinco dias de cama… ou quase.
Eu nunca consigo ficar realmente de cama; foram só os dois primeiros que nao tinha condicoes mesmo de me levantar... mas .... mesmo assim nao me entreguei totalmente: fiquei na cadeira, no sofa... na cadeira novamente.
Sabe, nessa horas eu morro de saudade da minha rede! Como é bom ficar deitada numa rede, principalmente quando se esta doente. A rede é tao aconchegante, voce se vira de um lado para outro com facilidade, parece que esta nos bracos de alguem que te ama muito... é mesmo, rede parece colo de mae. Como preciso de uma rede nestes dias de febre alta, dores pelo corpo, zumbido nos “zuvido” e dores infinitas. Entao pra driblar o frio – provocado muitas vezes pela febre – a gente vai enchendo a rede com aqueles lencois velhos, macios, para nos tao cheirosos, mesmo que para os outros nem tanto. Tudo vai ficando tao aconcegante... mais um paninho debaixo da nuca... um lencol especial para os pes; quando a gente se da conta tem mais lencol do que espaco para nos mesmos. Eles nao conseguem ficar dentro da rede, a todo momento tem um no chao ou outro pendurado. E se a gente tem bichinho em casa, vai ta ali, debaixo da rede para nos confortar, com aquela cumplicidade companheira, sendo o primeiro a ser pisado numa saida rapida de emergencia rumo ao sanitario... local que so vamos nas ultimas, pois voltamos a sermos criancas no aconchego materno da rede. Dai so saimos nas emergencias das emegencias, quando o senso de adulto nos avisa: “Voce ta bem grandinho pra isso!”
Para se tomar um copo de qualquer liquido, quente ou gelado, é um verdadeiro suplício. Alem do gosto de papel velho, cabo de guarda-chuva que impregna todo e qualquer alimento solido... a gente comeca a olhar para o prato e lembrar da tortura que sera encolhir aqueles pedacinhos de macarrao... com carne moida... ou simplesmente a sopinha... ai, ai. Vai enfrentando, no inicio, com a dignidade de um cavaleiro da tavola redonda, enquanto vai ingerindo o essencial para nao morrer de inanicao... depois faz aquela cara de nojo misturado com desespero mesmo e afasta o malfeitor, o prato, que ja cheira ruim, tem gosto ruim e agride nossa garganta: parece mais macarronada de arame farpado! Jesus me acode! Isso tudo foi apenas delirio meu, gente, pois se eu quisesse comer alguma coisa, tinha que ainda preparar... e para o outro pequeno tambem!
Ainda bem que o estoque de leite e nescau aqui de casa nao o deixou falecer faminto diante da famigerada televisao... mas que ajuda, ajuda.
Enquanto eu padecia e sobrevivia a custa de anti-termais e antibioticos, ele se deliciava com nescau gelado, biscoito champanhe, pao com marmelada, frankfurter com ketchup, biscoito de caramelo e quando muito, um schinkenparisen quentinho. Aff! Eu doente e o filhote agradecendo.
Ele foi tao gentil... mama eu vou fechar a porta, pra voce descansar, tá? – desconfiei... levantei a duras penas e ... intuicao de mae nao se engana, mesmo embotada... dois quilos de sorvete à sua frente, no tapete da sala, se deliciando com o Tom e Jerry!!!!!
Cinco dias de ferias total... agora vou levar quantos meses para faze-lo voltar aos eixos?
E o cerebro? Esse pifou! Fechou pra balanco! O tico e o teco se perderam totalmente no emaranhado de sonhos e pesadelos, entre um abrir de olho e outro. Dor de cabeca.
Tentei, mas o reumatismo mental nao me deixou ler, escrever, pensar, medidar... nada. Meu querido cerebro desligou, saiu de ferias, fechou a producao de pensamentos e muito mais de entendimento. Lembrancas?! Essas foram totalmente esquecidas.
E tudo por causa de uns quinze minutos de chuva! Inacreditavel, ne?
Continuo aqui, agora acabando meus intestinos com penicilina... vamos ver se a medica acerta desta vez! Ela vai acabar com a infeccao na garganta, ah vai, e comigo tambem. Mas depois ela trata do resto: estomago, pancreas, intestino... e quem vai cuidar da minha depressao, da minha saudade de uma rede na varanda, de passeiar na beira da praia, ... sal... acho que vou suspender tudo e fazer gargarejo de sal grosso com vinagre e limao. Santo remedio da minha mae, aprendido com a mae dela e assim vai ate os mais remotos ancestrais pre-historicos..... afff. Depois tomar um banho de sal grosso tambem... ajuda né?
Pois é... gripe se trata com cachaca com limao, dor de garganta, limao com vinagre e sal, dor de estomago, cha de afavaca, diarreia, cha da folha da goiabeira... e vai por ai. Amigos medicos que me perdoem... mais vale a fe do que a oracao!
Antes que as engrenagens travem novamente, vou pra minha cadeira do Ikea, confortavel, transformada em rede na minha imaginacao!

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Diagnóstico: SAUDADE






Hoje acordei com uma dor estranha. Nao era nada fisico, mas uma dor indefinida, na regiao do torax.
Imediatamente pensei que fosse gases... ou estomago, ou um pouco de febre... nada. Tomei um comprimido e fui para o meu rotineiro dia. Eu sabia extamente onde estaria, o que estaria fazendo em cada minuto entre as sete da manha e as tres da tarde. Tudo programado!
O mau estar continuou; nenhuma melhora.
Li outro dia sobre os sentimentos do Hoje: é a visita ao Passado gerando saudade ou a ansiedade pelo Futuro...
Tudo bem! Eu concordo plenamente. Contudo quando o presente tá uma merda, e a gente nao quer continuar com essa merda toda, onde vamos procurar o erro? No passado. O que eu devo mudar? Ninguem explica como... cada um que procure sozinho. E eu estou procurando. Estou vasculhando a merda toda para saber de onde vem... onde foi que eu entrei no vaso sanitario?
Uns vao me dizer: falta gratidao... tudo bem. Concordo. Quem agradece pela merda toda, exceto aqueles que estavam com uma enorme prisao de ventre...
Quando voce tem consciencia de que estava fazendo tudo certinho... e puft! Tudo muda, é merda... uma diarreia so. O que aconteceu? O  susto é grande... a fossa estourou! Porra! Eu tava produzindo tudo isso e nem me dei conta! Tai, vai ter que buscar o erro no passado.
Hoje estou me sentindo entalado, o peito lotado, uma misturada toda.. e saudade... saudade doida. Saudade doída! – Parece aquele cheirinho estranho antes da catastrofe... ou nao?
Sabe quando me senti assim antes? Quando estava sendo traída em minha confianca. Quando estava sendo usada pelo sistema. Olha o cheirinho avisando que ta tudo entupido! – Cuidado!
Sabe quando me senti assim antes? Quando eu nao podia fazer nada e sabia que o abismo era inevitavel. – Faltou algo para voce chamar o limpa-fossa? Ou nao deu tempo? Ou eu pensei que era no vizinho? – Sei la!
Entao... como contornar essa situacao? Entao como amenizar pelo menos a queda? Preciso de um para-quedas... e a alegria é o melhor para-quedas que conheco. Porem, estou morando numa cidade melancolica... bucolica... apesar de ser uma metropole!
Quero minha alegria de novo! – grito. Epa, nao posso gritar... vai incomodar o vizinho, pois ele nao gosta de barulho e nao vai entender o que eu estou dizendo... quer permanecer com a sua melancolia privada. Privada! – Olha a merda ai novamente.
Nao importa o tamanho da cidade, o sentimento tambem aumenta pois é produzido pelos seus moradores, de hoje e de ontem.
Ta, mas o que diabos tenho hoje?
Tenho saudade do Ceará... do interior do Ceará... daquelas cidades que a gente se senta numa banquinha do mercado e come uma panela, um sarrabulho, uma cervejinha ou uma coca-cola meio quente... espumando... as duas... ou um suco de graviola, de caju, de tamarina... acerola.
Tenho saudade do Ceará ... e de seu dialeto lindo. De todos os “arre-égua”, “ macho réi”, “cabra safado”, “quenga”, quero botar no mato toda essa tristeza, quero ir num relabucho, num forro danado, tomar umas meiotas, comprar um celular na budega do seu Manédafonso! Nossa, tinha esquecido que todo mundo tem dois nomes... um apelido, uma forma geral de conhecimento... e vai olhar na carteira de identidade do seu Manedafonso que o nome dele podera ser Antonio nao sei das quantas.
Tenho saudade das estradas do Ceará! Mesmo que na grande maioria das vezes estivesse a servico, eu adorava viajar... nao pelo destino propriamente dito, mas pela estrada mesmo, suas plantas no acostamento, espinhentas, suas flores de maio. Olha que a estrada é floriada em maio. Linda! Um verdadeiro jardim que brota das chuvas de marco e abril... tudo verdinho!!!
Tenho saudade do vento, do cheiro do mato, do marmeleiro, e em julho e agosto, do cheiro das farinhadas... do cheiro da areia molhada em marco, abril... do cheiro do caju entre setembro e dezembro... de torrar castanha debaixo do cajueiral, e depois queimar os dedos, quebrando e comendo quente, ali mesmo, misturada com areia, com casca, ... nunca tive nenhuma consequencia depois disso.... Saudade do peixe assado na beira d’água, tratado e temperado na folha da bananeira, e assado ali, fresquinho, pescado na hora,... eita cará gostoso!
E aqueles caldinhos de tutano depois do forro?- ...
JUNHO! Quadrilhas por todo lado... bolo de milho, pe de moleque, churraquinho de “gato” pra tira-gosto da pinginha com coca e limao... as feirinhas nas festas da “santa”, onde se compra todo tipo de cacareco...
Tenho saudade do meu Ceará!
Já cansei de chorar por causa desta saudade. Ja cansei de pedir a Deus uma saída... mas eu tenho que ficar é por aqui? – por que? Para que? – Vai saber!
Acho que vou rezar de novo:
Arre égua, Senhor. Agora ou vai ou racha, ou as apragata desatarracha; dá uma olhadinha por ai e cuida da minha terrinha, do meu Ceará, pois um dia eu quero por la novamente andar. Manda chuva e fartura, manda aqueles fidumaégua pará de engabelar o povo e melhorar a situacao dos cearenses, cabra macho e mulher bonita! Da uma brechadinha ai e ve se alivia as dores daqui tambem. Obrigado Senhor, por me entender. Amém.
Eta saudade fiadumaégua... mas vou aguentar, num to nem vexado pra tudo se arrumar de vez... vou esperar naquele la de cima... O grande coroné do povo!

terça-feira, 29 de maio de 2012

Nudez





Cheguei ao fim do beco sem saida.
Nada mais a percorrer.
Eu resolvi.
Eu me despi.
Tirei o chapeu do preconceito.
Largei fora o manto da preocupacao.
Saquei os sapatos do medo.
Desfiz o nó da gravata do julgamento.
Rasguei a camisa do egoismo.
Soltei os bolsos do consumismo.
Finalmente,  despi a calca da vergonha.
Aqui estou eu.
Despido.
Nu.
E assim me entrego
Para a vida!


Francy Wagner, Wien, 29.05.2012, Reumannplatz

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Mil vezes








Morri de amores, por ti,
Mil vezes mais morreria!
Cada vez renasci
No teu beijo,
No calor do teu abraco,
No aconchego do teu regaco.

Morri por ti mil vezes.
E mil mais morreria
Se na certeza de te encontrar
A ressurreicao se faria!

Morri por ti uma vez;
E ainda morto te amo;
E ainda morto te espero;
E ainda morto te encontro
Nos sonhos...
Nas lágrimas...
No frio da noite eterna!

Francy Wagner, Wien, 23.08.2010 - Donauinsel